PORTUCÁLIA

Março 04 2013

Peter Turkson
Se cardeal fosse, meu voto, no entanto, iria para o ganês Peter Turkson, o presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz. Não, senhores! Não estou em busca de um “papa negro”, que isso interessa mais ao marketing do que à Verdade. Mas acredito que seria, sim, uma grande notícia para o catolicismo. Santo Agostinho (354-430), um dos maiores teólogos da Igreja, nasceu em Tagaste (hoje Souk-Ahras) e se celebrizou como bispo de Hipona (atual Annaba) — viveu apenas cinco anos na Itália. As duas cidades ficam na Argélia. Há documentos do ano 180 que indicam a presença já então antiga do cristianismo no norte do continente. O primeiro bispo a falar de uma Igreja comandada por uma colegialidade (esta mesma que vai se reunir para escolher o novo papa) — respeitando-se a autoridade do papa — foi Cipriano, depois mártir e santo, quando bispo de Cartago (região que hoje pertence à Tunísia). O Norte da África assistiu ao florescimento de uma intensa vida cristã até o século VI. Tanto é assim que a Igreja já teve três papas africanos — nunca um negro: Vítor I (189 a 199), Melquíades (311 a 314) e Gelásio I (492 a 496).

Agostinho e Cipriano também não eram negros. A cor da pele de Turkson não me interessa. Não estou entre aqueles que cultivam racismo às avessas. Eu estou interessado, como católico — sim, sou católico! —, numa escolha que possa fortalecer a Igreja. Ocorre de Turkson ser negro — fosse branco, reunindo as mesmas características que me são relevantes, estaria igualmente torcendo por ele.

Em primeiro lugar, pesquisem a respeito, ele reúne, sim, condições intelectuais para ser o Sumo Pontífice. Tem uma sólida formação teológica e trânsito na Cúria Romana. Mas há muito mais do que isso. Eu o quero papa não apenas porque a África é o continente em que o catolicismo mais se expande hoje em dia, mas também por isso. Gostaria de vê-lo papa porque é naquele continente que os católicos — e os cristãos de modo geral — enfrentam hoje os maiores desafios. Milhares de pessoas são assassinadas todos os anos, especialmente em confrontos com milícias islâmicas, porque se converteram ao cristianismo. Só em Darfur, no Sudão, mais de 400 mil foram esmagados nos últimos anos. Diante do silêncio mais ou menos cúmplice do mundo.

Turkson, cuja mãe é metodista, está ligado ao trabalho social da Igreja, o que é bom, e é firme em matéria de doutrina. O catolicismo enfrenta na África desafios muito parecidos com os dos cristãos dos primeiros dias. Querem um exemplo? Se o aborto, no chamado “mundo moderno”, integra a pauta dos supostos “direitos na mulher”, na maioria dos países africanos, proteger a grávida da interrupção forçada da gravidez (contra a sua vontade) significa, muitas vezes, salvar-lhe a vida. Se estamos acostumados a reivindicações que cobram que a Igreja reconheça formas diferenciadas de família — que não aquela constituída por mulher, homem e filhos —, no continente africano, a expansão da organização familiar cristã impede que milhões de crianças e mulheres sejam relegadas ao abandono. A visão de mundo considerada, em suma, “reacionária” por grupos militantes das democracias ocidentais é, muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte na África negra. Turkson conhece, como ninguém, os males do demônio do relativismo.

Com esse perfil, é claro que ele já entrou no radar das máquinas de desqualificação. É considerado pouco aberto aos muçulmanos — ainda voltarei a esse aspecto — e já foi acusado de ter associado os casos de pedofilia da Igreja à homossexualidade. Bem, mais do que ninguém, ele conhece a forma como se dá a expansão do Islã na África negra: na base de milícias armadas e de ações terroristas. É seu dever denunciá-las.

Acho que Peter Turkson pode, em certa medida, fazer pelas populações da África o que João Paulo II fez pelos povos que viviam sob o jugo comunista: ao fortalecer a mensagem cristã, levar um sopro de esperança a milhões de homens e mulheres submetidos a ditaduras sanguinárias e a milícias homicidas. Não são poucos, entre nós, os que decretam a obsolescência e desnecessidade da Igreja num mundo cujos valores essenciais foram preservados e cultivados pela… Igreja!!! Milhões de pessoas, no entanto, mundo afora, pagam com a própria vida o preço da conversão àqueles valores que nos fizeram livres até mesmo para não crer.

Texto publicado originalmente às 5h59

Por Reinaldo Azevedo

publicado por portucalia às 21:11

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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