Quinta-feira da 2ª da Quaresma
Santo do dia : S. João de Deus, religioso, fundador, +1550, S. João de Ávila, confessor, doutor da Igreja, +1569
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São Nersés Snorhali : «Ergueu os olhos»
Evangelho segundo S. Lucas 16,19-31.
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes.
Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas.
Bem desejava ele saciar-se com o que caía da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas.
Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio.
Então, ergueu a voz e disse: 'Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.'
Abraão respondeu-lhe: 'Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado.
Além disso, entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão pouco vir daí para junto de nós.'
O rico insistiu: 'Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos;
que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.'
Disse lhe Abraão: 'Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!'
Replicou-lhe ele: 'Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.'
Abraão respondeu-lhe: 'Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.'»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
São Nersés Snorhali (1102-1173), patriarca arménio
Jesus, Filho Único do Pai, 624ss.
Como o rico que amava a vida de prazeres,
Eu amei os prazeres efémeros,
Com este meu corpo animal,
Nos prazeres insensatos. [...]
E, de tantas benfeitorias
Que me deste gratuitamente,
Não Te devolvi o dízimo
Que de Ti tinha recebido.
Mas tudo o que estava sob o meu tecto
Feito de terra, ar e mar,
As Tuas benfeitorias inumeráveis,
Pensava que eram propriedade minha.
De tudo isso nada dei ao pobre
E para as suas necessidades nada pus de lado:
Nem comida, para o esfomeado
Nem roupa, para o corpo nu.
Nem abrigo, para o indigente,
Nem morada, para o hóspede estrangeiro,
Nem visitei os doentes,
Nem cuidei dos prisioneiros (cf Mt 25,31ss).
Não me entristeci com a tristeza
do homem triste, por causa do que lhe pesava;
Nem partilhei a alegria do homem feliz
Mas ardi de inveja dele.
Todos eles são outros Lázaros [...]
Que jazem à minha porta. [...]
Quanto a mim, surdo ao seu apelo,
Não lhes dei as migalhas da minha mesa. [...]
Lá fora, pelo menos, os cães da Tua lei
consolavam-nos com a língua;
E eu, que ouvia o Teu mandamento,
Com a língua feri aquele que se Te assemelhava (cf. Mt 25,45). [...]
Mas dá-me aqui na terra arrependimento,
Para que faça penitência pelos meus pecados. [...]
Para que as minhas lágrimas parem
A fornalha ardente e as suas chamas. [...]
E, em vez da conduta de um homem sem misericórdia,
Estabelece, no mais fundo de mim, a piedade misericordiosa,
Para que, ao praticar a misericórdia com o pobre,
Eu possa obter misericórdia.