PORTUCÁLIA

Abril 30 2012




Comento :  Passsei dois dias sem editar  o livro I das Meditações.  Retomo o Livro I, ítens 14 e 16 onde o imperador filósofo revela o que aprendeu com seu irmãpo e com o seu pai.  A leitura é oportuna e mostra o caráter de um romano onde existia grande equilíbrio e  paz interna nas suas faculdades.  Por isto vale a pena Vc. leer e MEDITAR  sobre estas partes.  Muita coisa aprenderá.  ARA





14. Com meu irmão Severo

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aprendi a amar os meus familiares, a amar averdade e a justiça. Por ele tomei conhecimento de Thraseia, Catão, Helvidio,Dião e Bruto, e familiarizei-me com a ideia de uma comunidade baseada naigualdade e liberdade de expressão para todos, e de uma monarquiapreocupada sobretudo em garantir a liberdade dos seus súbditos. Ele revelou-me a necessidade de uma avaliação desapaixonada da filosofia, do hábito dasboas acções, da generosidade, de um temperamento cordial, e da confiança noafecto dos meus amigos. Recordo, também, a sua franqueza para com aquelesque mereciam a sua repreensão, e a maneira como ele não deixava dúvidas aosamigos sobre aquilo de que gostava ou que detestava, dizendo-lho claramente.15. Máximo

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foi o meu modelo de autocontrole, firmeza de intenções e de boadisposição em situações de falta de saúde e de outros infortúnios. O seucarácter era uma mistura admirável de dignidade e encanto, e todos os deveresinerentes à sua condição eram cumpridos sem alardes. Deixava em toda a gentea convicção de que acreditava no que dizia e agia da maneira que lhe parecia acorrecta. Não conhecia o espanto ou a timidez; nunca mostrava pressa, nunca adiava; nunca se sentia perdido. Não se entregava ao desânimo nem a umaalegria forçada, nem sentia raiva ou inveja de qualquer poder acima dele. Abondade, a simpatia e a sinceridade, todas contribuíam para deixar a impressãode uma rectidão que lhe era mais inata do que cultivada. Nunca se superiorizavaa ninguém, e contudo ninguém se atrevia a desafiar a sua superioridade. Era,além disso, possuidor de um agradável sentido de humor.16. As qualidades que eu admirava no meu pai

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eram a sua brandura, a suafirme recusa em se desviar de qualquer decisão a que tinha chegado, a suacompleta indiferença às falsas honrarias; o seu esforço, a sua perseverança evontade de ouvir atentamente qualquer projecto para o bem comum; a suainvariável insistência em que as recompensas devem depender do mérito; o seuhábil sentido de oportunidade para puxar ou soltar as rédeas; e os esforços quefazia para suprimir a pederastia.Ele tinha consciência de que a vida social tem as suas exigências: os seusamigos não tinham qualquer obrigação de se sentarem à sua mesa ou de oacompanhar nas suas viagens oficiais, e quando eles eram disso impedidos poroutros compromissos, isso não lhe fazia qualquer diferença. Todas as questõesque lhe eram submetidas em conselho eram examinadas meticulosa epacientemente; nunca ficava satisfeito em despachá-las apenas com umaprimeira impressão apressada. As suas amizades eram duradouras; não eramcaprichosas nem extravagantes. Estava sempre à altura das circunstâncias;alegre, mas com uma visão de alcance suficiente para mandar discretamentecumprir os seus planos até ao mais pequeno pormenor. Estava sempre atentoàs necessidades do império, conservando prudentemente os seus recursos esuportando as críticas daí resultantes. Não era supersticioso frente aos deuses;e frente aos seus concidadãos nunca se rebaixava para alcançar popularidadenem namorava as massas, mas prosseguia o seu caminho calma e firmemente,desprezando tudo o que lhe soasse a ostentação ou moda. Aceitava sem

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complacência ou compunção os bens materiais que a sorte pusera à suadisposição; quando estavam à mão aproveitava-os, e quando não estavam, nãosentia qualquer mágoa.Não lhe podiam ser apontados quaisquer vestígios dos sofismas dos casuístas,do atrevimento do adulador, ou do escrúpulo exagerado do pedante; todos oshomens lhe reconheciam uma personalidade madura e acabada que erainsensível à lisonja e perfeitamente capaz de se orientar a si próprio e aosoutros. Além disso, tinha grande respeito por todos os filósofos genuínos; eembora abstendo-se de criticar os outros, preferia passar sem a sua orientação.Na convivência era afável e atencioso, mas sem exageros. Os cuidados quedispensava ao corpo eram razoáveis; não havia nele qualquer ansiosapreocupação de prolongar a existência, ou em embelezar a sua aparência,contudo estava muito longe de ser descuidado em relação a esta, e de factocuidava tão bem de si próprio que raramente precisava de cuidados médicos oude medicamentos. Não se notava nele o mais pequeno vestígio de inveja no seupronto reconhecimento de qualidades notáveis, quer em discursos públicos, quernos domínios da lei, da ética ou qualquer outro, e esforçava-se por dar a cadapessoa a oportunidade de conquistar reputação no seu próprio campo. Emboratodas as suas acções fossem guiadas pelo respeito pelo precedenteconstitucional, nunca abandonava o seu caminho para buscar o reconhecimentopúblico disso. Também não gostava da agitação e da mudança e tinha umaarreigada preferência sempre pelos mesmos lugares e sempre pelas mesmasactividades. Depois de uma das suas enxaquecas, voltava logo aos seusdeveres sem perda de tempo, com novo vigor e completo domínio das suascapacidades. Os seus documentos secretos e confidenciais não eram muitos, eos raros temas neles tratados referiam-se exclusivamente a assuntos do estado.Revelava bom senso e comedimento na exibição de espectáculos, naconstrução de edifícios públicos, na distribuição de subsídios, etc., tendo sempremais em vista a necessidade dessas medidas do que o aplauso que elasprovocavam. Os seus banhos não eram a horas inconvenientes; não tinha aobsessão de construir; não era nada esquisito em relação à sua alimentação,nem ao corte e às cores das suas vestes, nem à apresentação daqueles que orodeavam. As suas roupas eram-lhe enviadas da sua casa de campo em Lorium,e a maior parte das sua coisas eram de Lanuvium. A famosa maneira como eletratou um inspector em Tusculum era típica do seu comportamento, pois a faltade cortesia, bem como a brusquidão ou a jactância, eram estranhas à suanatureza; nunca ficava encalorado, como diz o povo, ao ponto de transpirar; eraseu hábito analisar e pesar todos os incidentes, devagar, calma, metódica,decisiva e consistentemente. Aquilo que se diz de Sócrates, não é menosaplicável a ele: que tinha a capacidade de se permitir ou negar a si próprioindulgências que a maioria das pessoas são incapazes de recusar por fraqueza,ou de apreciar, pelos seus excessos. Ser assim tão forte para, à sua vontade, seconter ou ceder revela uma alma perfeita e indómita — como Máximo tambémdemonstrou no seu leito de doente




publicado por portucalia às 22:14

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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