Morreu a 'Dama de Ferro'
Antiga primeira-ministra britânica morreu esta manhã, anunciou o seu porta-voz. Margaret Thatcher, de 87 anos, foi vítima de uma trombose.
Margaret Thatcher morreu esta manhã, anunciou o seu porta-voz, Lord Bell. "É com grande consternação que Mark e Carol Thatcher anunciam que sua mãe, a baronesa Thatcher, morreu em paz esta manhã", afirmou Lord Bell.
A primeira e única mulher a chefiar o Governo britânico, doente há anos, sucumbiu a uma trombose. Tinha 87 anos. A Rainha Isabel II e o primeiro-ministro David Cameron já lamentaram o seu falecimento.
Primeira-ministra entre 1979 e 1990, a conservadora Thatcher transformou o país. Se os admiradores a elogiam por ter colocado o Reino Unido entre as maiores potências económicas e políticas do mundo, os detratores dizem que atentou contra os direitos dos mais desfavorescidos e acusam-na de insensibilidade social.
Margaret Hilda Roberts nasceu em 1925, no Lincolnshire. Filha de um merceeiro, pastor metodista e autarca, formou-se em Química. Já na faculdade, em Oxford, tinha atividade política, tendo-se interessado muito pelos escritos do economista Friedrich Hayek, ídolo dos conservadores. Foi presidente da Associação de Estudantes Conservadores.
Eleita deputada em 1959, foi secretária de Estado da Educação no Governo conservador de Edward Heath (1970-74), a quem arrebatou a liderança dos tories (nome por que são conhecidos os conservadores) em 1975, após uma derrota nas legislativas.
Três vitórias nas urnas
Thatcher venceu as eleições gerais de 1979, tornando-se a primeira chefe do Governo. Haveria de ganhar de novo em 1983 e 1987, um inédito no país. A sua governação - a mais longa de qualquer primeiro-ministro do país - caracterizou-se pelo esforço para retirar o Estado da economia - quer na indústria quer nos serviços públicos - e reduziu enormemente o poder dos sindicatos, que muito influenciavam o Governo trabalhista que a antecedera. Depressa ganhou a alcunha "Dama de Ferro".
Thatcher foi, a par do então Presidente dos EUA, Ronald Reagan, um ícone do capitalismo. Os dois e o Papa João Paulo II tiveram um papel político relevante na queda do comunismo, no fim da década de 1980. Outro traço da sua identidade foi o euroceticismo. Membro da União Europeia desde 1973, o Reino Unido mantém-se fora de várias das disposições comunitárias e, sobretudo, e como sempre defendeu Thatcher, da moeda única.
Um dos momentos mais difíceis de Margaret Thatcher no poder foi a Guerra das Malvinas - ou Falklands, como lhes chamam os ingleses. Quando os argentinos invadiram este arquipélago do Atlântico Sul, dominado por Londres desde o século XIX, a primeira-ministra liderou um conflito armado que haveria de vencer.
Mineiros e Bobby Sands
Outros momentos duros foram a greve dos mineiros, em 1984-85, que durou quase um ano, e a morte de Bobby Sands, membro do Exército de Libertação Irlandês (movimento terrorista que queria unir a Irlanda do Norte, britânica, com a República da Irlanda). Sands morreu em consequência da greve da fome que fez na prisão, tendo a governante rejeitado todos os pedidos de clemência.
Em 1990, o tom das críticas internas no Partido Conservador cresceu. Com sondagens e resultados eleitorais pouco abonatórios, os adversários internos afirmavam que Margaret estava a prejudicar o partido, após 11 anos no poder. Vários membros do Governo demitiram-se. Para evitar uma "guerra civil" entre tories, Thatcher demitiu-se. Sucedeu-lhe John Major, que venceu as legislativas seguintes. Pouco depois, a rainha fê-la baronesa.
Depois de deixar o poder, Margaret Thatcher continuou a intervir politicamente, enquanto se fazia consultora de várias grandes empresas. Em 1998 saiu em defesa do ditador chileno Augusto Pinochet, preso em Londres (onde recebia tratamentos médicos) por ordem do juiz espanhol Baltasar Garzón, que o acusara de crimes contra a Humanidade. Pinochet apoiara Thatcher na Guerra das Malvinas.
Os últimos anos
Em 2002, a 'Dama de Ferro' sofreu pequenos acidentes vasculares-cerebrais e foi aconselhada a não falar em público. No ano seguinte enviuvou, perdendo Dennis Thatcher, o seu marido, conselheiro e pilar de apoio. Voltou a aparecer em público no funeral de Ronald Reagan e em homenagens às vítimas do 11 de setembro.
Em 2010, ano em que o seu partido voltou ao poder após os 13 anos dos trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown, Margaret Thatcher visitou o novo primeiro-ministro, David Cameron, na residência oficial do n.º 10 de Downing Street.
A partir desse ano, circularam informações sobre o agravamento da sua saúde e rumores de senilidade e perda de memória, ilustrados no filme de 2011 "A Dama de Ferro, que valeu a Meryl Streep um óscar de melhor atriz. No passado mês de dezembro, já muito debilitada, foi operada a um tumor na bexiga.
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