O ÚLTIMO EXORCISTA
Antonio Ribeiro de Almeida
77,professor aposentado USP, campus Ribeirão Preto
A leitura e a reflexão do livro do Pe. Gabriele Amorth , “ O último Exorcista- Minha batalha contra Satanás” (ed. Ecclesia, 20120 ) por parte de bispos, padres e leigos seria uma grande graça para a Igreja Católica. Nos últimos vinte anos tem havido um grande número de autores que produzem best-sellers voltados para uma reinterpretação da origem da Igreja Católica como o famoso “ O Código Da Vinci” de Don Brown. Depois dele vieram muitos outros com a mesma temática : atacar a ortodoxia e os dogmas da Igreja e a figura do Papa. Nas igrejas os padres mais ousados e que professam um catolicismo “light” chegam a colocar em dúvida se na consagração do pão e do vinho estão presentes o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Sob este ponto de vista são mais ousados do que Lutero que nunca colocou em dúvida a presença real do Cristo sob as espécies do pão e do vinho. Em Ribeirão Preto o bispo havia entregue a umas Irmãs – cuja ordem não me lembro – que inovavam nos folhetos das missas que o demônio não existia e que os “possessos” eram enfermos que Jesus curava. Elas negavam o Evangelho, pois o Cristo declara muitas vezes que havia vindo ao mundo para curar os enfermos e expulsar os demônios. Outra característica deste Catolicismo “light” é que nas homilias a maioria dos padres têm horror em falar em Lúcifer e passam pelo homilia como gatos sobre brasas.
Pois bem, o livro Pe. Amorth denuncia todo esta situação que a Igreja está vivendo e o gravíssimo fato de que a maioria dos bispos não indicam exorcistas para as suas dioceses e o antigo ritual foi modificado e não tem a força do antigo que era em Latim. Na Itália a situação não é tão dramática como no Brasil porque o Vaticano está vigilante e os bispos indicam exorcistas.
Mas o livro do Pe. Amorth é fundamental que seja lido porque ele relata a inúmeros exorcismos que praticou em Roma e em outros países que não deixam a menor dúvida da presença de Lúcifer e dos seus anjos para destruir a vida de inúmeros católicos. A descrição dos exorcismos mostra que a batalha contra Satanás é terrível e que, ao contrário do que mostra os filmes de Hollywood, - como “O Exorcista” – a expulsão do inimigo é longa e pode durar meses com a realização de muitas sessões. Pe. Amorth é auxiliado em muitos exorcismos por neurologistas, psiquiatras que presenciam os fatos que ocorrem durante as orações e se entraram céticos saem abalados da descrença que professavam. O título do livro é chamativo e não quer dizer que o Pe. Amorth seja o “último” exorcista. Ele informa que o atual Papa, Bento XVI, está em luta aberta contra o inimigo e cita que quando invoca o nome do atual Papa e de João Paulo II o Maligno tem reações altamente agressivas. Li as 214 páginas de uma assentada só. E vou reler vários trechos. Paulo VI em 29 de junho de 1972 fez uma declaração muito grave: “ tenho a sensação de que, por alguma fissura, a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus. Existe a dúvida, a incerteza, a problemática, a inquietude, a insatisfação, o confronto. Não há confiança na Igreja...”
Além deste livro o Pe. Amorth escreveu em 2002 “ Exorcismo e Psiquiatra” mostrando como tem recebido a colaboração de renomados psiquiatras que diagnosticam aos católicos que atende e que este ou aquele caso é ou não um caso para a medicina. Para mim, como leigo, eu considero que neste nosso país inúmeros assassinatos que são cometidos apresentam tal nível de perversidade que só a inspiração diabólica explica. Finalmente deixo um registro para os sacerdotes: “ ... são as pessoas mais atacadas pelo demônio. Têm só uma possibilidade de não se deixar vencer: REZAR E JEJUAR. “