PORTUCÁLIA

Abril 25 2013

 

satainconciliogustavedoreO socialismo é substantivamente a unificação do poder político com o poder econômico, dissolvendo uma das principais garantias da liberdade na sociedade capitalista e anunciando a formação de uma superclasse governante onipotente e praticamente indestrutível.


Uma vida repleta de ocupações não tem permitido dar às minhas idéias a exposição escrita toda arrumadinha que algumas delas merecem. Espalho-as, de maneira fragmentária e anárquica, em artigos, aulas e conferências, na vaga esperança de que, após a minha morte, alguma alma caridosa junte as peças e as monte em equipamentos mais utilizáveis pelo grande público.

Uma delas é a do poder imanente dos significados embutidos nos símbolos históricos. Ela diz, resumidamente, o seguinte: A história é feita das livres escolhas e decisões humanas, mas, quando os homens se deixam guiar por idéias e símbolos cujo integral significado lhes escapa no momento, esse significado invisível acaba por se manifestar à plena luz do dia sob a forma de fatalidades históricas incontroláveis. Mesmo depois do fato consumado ainda existe alguma dificuldade em perceber que já estavam enunciadas na formulação originária. Essa dificuldade emana do hábito moderno do pensamento metonímico, que concebe as propostas de ação tão somente por uma parte das suas qualidades autoproclamadas, sem sondar o sentido substantivo da ação planejada, e portanto, sem atinar com suas conseqüências inevitáveis.

Na história sacra e profética, esses desenvolvimentos anunciam-se previamente de maneira nítida. O Antigo Testamento prevê com clareza o destino tormentoso dos judeus, e o Novo anuncia a autodecomposição da Igreja, que hoje, diante dos nossos olhos, enche de temor as almas dos crentes atônitos. Na história profana, os símbolos vêm encobertos por densas camadas de confusão metonímica. A progressiva manifestação do seu significado simula, no quadro histórico maior, a evolução de uma neurose desde um trauma de infância longamente esquecido. Assim como Hegel falava de uma “astúcia da Razão”, que conduzia os homens sem que eles o percebessem, pode-se perfeitamente falar de uma “astúcia do inconsciente”, em que os símbolos carregados de esperança guiam a humanidade em direção a catástrofes e sofrimentos.

Um exemplo é o projeto socialista, que se apresenta como “socialização dos meios de produção” em nome de uma “sociedade sem classes”. Por trás desses slogans, o socialismo é substantivamente a unificação do poder político com o poder econômico, dissolvendo uma das principais garantias da liberdade na sociedade capitalista e anunciando a formação de uma superclasse governante onipotente e praticamente indestrutível.

A profecia embutida não é discernível somente na formulação das teorias e propostas, mas também nos símbolos que as condensam para a imaginação popular. De algum modo, a letra do hino da Internacional comunista, composta em 1871 por Eugène Pottier e posta em música em 1888 por Pierre De Geyter, a qual, até hoje, fascina a mente das multidões militantes com a imagem da bela sociedade igualitária, já contém, na sua primeira estrofe, o anúncio da debacle apocalíptica que veio a constituir a história do comunismo. Mesmo depois da queda da URSS, no entanto, essa profecia continua tão mal compreendida que muitos tentam ainda realizá-la por meios novos, mais inventivos e mais desnorteantes, enganando-se a si mesmos com uma feroz devoção ainda mais intensa e louca do que aquela que guiou os pioneiros da ditadura soviética.

Ao conclamar ao grande empreendimento da revolução socialista os “danados da terra” e os “condenados da fome” (“les damnés de la terre, les forçats de la faim”), o poema já insinua que quem os convoca à ação é, hegelianamente, “a Razão”, a deusa inspiradora de 1789. No entanto, de onde vem a voz dessa divindade? “La raison tonne en son cratère”: a Razão faz-se ouvir como o ronco temível de um trovão que, paradoxalmente, não vem dos céus, mas das profundezas de uma cratera. Ela é aí concebida, com toda a evidência, não como um ideal superior que acena aos homens desde uma altura divina, mas como uma força ctonica, subterrânea, infernal. Há uma lógica dentro dela, mas é a lógica da astúcia demoníaca, aquela mesma com que Satanás surpreende o poeta no Inferno de Dante: “Tu non pensavi che’io loico fossi”: “Não imaginavas que eu também fosse lógico”. A inevitabilidade interna do processo que inspira e dirige a ação das massas acaba indo, de fato, numa direção imprevista e catastrófica, mas nem por isso menos encadeada, com rigor implacável, a uma premissa obscura e mal compreendida. Nem mesmo a geração de comunistas que foi levada ao desespero e até ao suicídio pela revelação dos crimes soviéticos em 1956 chegou a atinar, retroativamente, com a lógica trágica imanente ao ideal socialista. Todos explicaram o desastre como fruto acidental de traições e desvios, sem notar que com isso desmentiam no ato a sua própria teoria da necessidade histórica, na qual o acaso e os caprichos individuais contam para muito pouco, ou quase nada.

O verso seguinte é ainda mais eloqüente: “C’est l’éruption de la fin”. O fim emerge do ventre de um vulcão. Fim do quê? O verso não diz. A recepção metonímica aceita, sem exame, que é o fim das injustiças. Mas, com toda evidência, a expressão “o fim”, desacompanhada de um genitivo explícito, anuncia somente morte e destruição. E as palavras que vêm em seguida ressoam com um tom ainda mais sinistro: “Du passé faisons table rase”: apagar o passado, falsificar a história em nome de um apelo estimulante, tal tem sido, de fato, uma das principais ocupações da historiografia oficial esquerdista, induzindo as massas a entregar-se entusiasticamente à busca de um propósito cuja raiz desconhecem e cujos frutos, por isso, sempre hão de surpreendê-las com o sabor amargo de um enigma diabólico.

publicado por portucalia às 21:39

Abril 25 2013

Evangelho segundo S. João 12,44-50.

Naquele tempo, Jesus levantou a voz e disse: «Quem crê em mim não é em mim que crê, mas sim naquele que me enviou; 
e quem me vê a mim vê aquele que me enviou. 
Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em mim não fique nas trevas. 
Se alguém ouve as minhas palavras e não as cumpre, não sou Eu que o julgo, pois não vim para condenar o mundo, mas sim para o salvar. 
Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que Eu anunciei, essa é que o há-de julgar no último dia; 
porque Eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, é que me encarregou do que devo dizer e anunciar. 
E Eu bem sei que este seu mandato traz consigo a vida eterna; por isso, as coisas que Eu anuncio, anuncio-as tal como o Pai as disse a mim.» 



Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org 



Comentário ao Evangelho do dia feito por : 

Simeão o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego 
III Discurso Teológico 

«Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas»

«Deus é luz» (1Jo 1,5), uma luz infinita e incompreensível. O Pai é luz, o Filho é luz, o Espírito Santo é luz; os Três são luz única, simples, incompósita, intemporal, em eterna identidade de dignidade e glória. Desse modo, tudo o que vem de Deus é luz e nos é dado como provindo da luz: luz a vida, luz a imortalidade, luz a fonte da vida, luz a água viva, a caridade, a paz, a verdade, a porta do Reino dos Céus. Luz o próprio Reino, luz a câmara nupcial, o leito nupcial, o Paraíso de delícias, a terra dos mansos, a coroa da vida, as próprias vestes dos santos. Luz Jesus Cristo, Salvador e Rei do universo, luz o pão da Sua carne imaculada, luz o cálice do Seu sangue precioso, luz a Ressurreição; luz o Seu rosto, a Sua mão, o Seu dedo, a Sua boca, luz os Seus olhos; luz o Senhor e a Sua voz, luz da luz. Luz o Consolador, a pérola, o grão de mostarda, a verdadeira vide, o fermento, a esperança, a fé: luz!



publicado por portucalia às 15:51

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
mais sobre mim
Abril 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9


21
27



pesquisar
 
subscrever feeds
blogs SAPO