Astrônomos encontram os planetas mais parecidos com a Terra já avistados
Utilizando um poderoso telescópio espacial da Nasa para vasculhar os céus em busca de planetas com capacidade para abrigar a vida, astrônomos disseram ter encontrado os candidatos mais parecidos com a Terra já avistados.
Dois dos cinco planetas na órbita de uma estrela similar ao Sol, denominada Kepler-62, encontram-se na zona habitável - nem muito quente, nem muito fria e possivelmente contendo água, reportaram cientistas da Nasa em artigo publicado na revista científica Science.
"Estes dois são nossos melhores candidatos a planetas habitáveis", afirmou William Borucki, principal cientista da missão Kepler, do Centro de Pesquisas Ames da Nasa.
Os dois planetas são sutilmente maiores do que o nosso, cada um com raios 1,41 e 1,61 vez o da Terra.
O primeiro, 62e, é cerca de 40% maior do que a Terra.
O segundo, 62f, é 60% maior e orbita sua estrela a cada 267 dias, uma trajetória parecida à do ano terrestre, de 365 dias.
Ambos orbitam uma estrela de sete bilhões de anos 1.200 anos-luz da Terra, na constelação de Lyra.
Eles estão próximos o suficiente de sua estrela para serem quentes, mas não perto demais para fazer ferver os oceanos. Estão, ainda, distantes o suficiente para manter a probabilidade de água em estado líquido, explicou Borucki.
Os estudiosos não sabem ainda se sua superfície é rochosa ou aquosa, ou se têm atmosferas capazes de abrigar a vida.
Mas, segundo o estudo, sua localização e tamanho sugerem que "poderiam, plausivelmente, ser constituídos por compostos condensáveis e ser sólidos, como uma super-Terra seca e rochosa, ou um composto com uma quantidade significativa de água".
A partir de outros estudos, descobriu-se que planetas com raios 1,6 vez inferiores ao da Terra têm densidades indicativas de composição rochosa.
Astrônomos detectaram os planetas observando sua estrela se ofuscar quando os planetas passam em frente a ele, o que é conhecido como "trânsito".
"Estes são os objetos mais similares à Terra que nós já encontramos", afirmou Justin Crepp, professor assistente de Física da Universidade de Notre Dame.
Crepp primeiro viu um ponto perto de Kepler-62 cerca de um ano atrás e estudou os movimentos do sistema durante meses a fim de confirmar a descoberta.
Um terceiro planeta potencialmente habitável, Kepler 69c, está na "extremidade interna do que se considerou ser uma zona habitável", acrescentou Thomas Barclay, cientista da missão Kepler no Instituto de Pesquisas Ambientais de Somona, Califórnia.
No entanto, este último pode ser pequeno, quente e mais parecido a Vênus, o segundo planeta mais próximo do nosso Sol, afirmou Barclay, cujo estudo foi publicado esta quinta-feira no periódico Astrophysical Journal.
"Ainda não temos certeza", disse a jornalistas. Sua estrela, a Kepler 69, situa-se cerca de 2.700 anos-luz da Terra, na constelação de Cygnus.
As novas descobertas elevam a sete os planetas - quatro dos quais ficam fora da zona habitável - detectados por Kepler até agora, totalizando mais de 2.700 candidatos e planetas confirmados.
No final de 2011, a Nasa confirmou a descoberta do primeiro planeta em uma zona habitável fora do sistema solar - o Kepler 22b -, girando em torno de sua estrela, a cerca de 600 anos-luz de distância.
Contudo, as grandes proporções desse exoplaneta, 2,4 vezes o tamanho da Terra, deixaram algumas dúvidas sobre se o planeta é rochoso, gasoso ou líquido.
Outro grande planeta que Kepler confirmou na zona habitável, a Kepler 47c, também é muito maior que a Terra.
Lançada em 2009, a Kepler é a primeira missão da Nasa em busca de planetas similares à Terra em órbita de sóis como o nosso.
É equipada com a maior câmera já utilizada em uma missão espacial, em uma busca por planetas pequenos como a Terra, inclusive aqueles em órbita de estrelas em uma zona quente e habitável onde água em estado líquido poderia existir na superfície do planeta.