PORTUCÁLIA

Abril 01 2013

É possível um relativismo absoluto?

Reflexões sobre o atual ateísmo relativista

Roma, 28 de Janeiro de 2013 (Zenit.orgPe. Anderson Alves | 1716 visitas

 

Em um texto anterior[i], nos perguntávamos se fosse possível conciliar o relativismo e o ateísmo. E víamos que, segundo três famosos ateus (Nietzsche, Adorno e Horkheimer) o ateísmo, ao negar a origem do conhecimento e ao tomar como verdade a inexistência de Deus, cai numa contradição insuperável[ii]. De fato, quem nega a existência da verdade, não poderia coerentemente afirmar que Deus não existe. Entretanto, sabemos que há quem se esforce muito por conciliar relativismo e ateísmo, colocando um ateísmo indiscutível e dogmático como fundamento do relativismo e construindo um sistema de pensamento no qual se parte da negação de Deus e, a partir dessa verdade quase “divina”, afirma-se um relativismo moral e cognitivo radical.

 

Um pensador que colocou em íntima relação o ateísmo com o tema da verdade foi F. Nietzsche, autor que se considerava «ateu por instinto». De fato, seu ateísmo voluntarista tinha como consequência a afirmação de um forte relativismo e a verdade era considerada como «um exército de metáforas, metonímias», «ilusões das quais se esqueceu a sua natureza ilusória», «moedas nas quais as imagens foram consumidas»[iii]. Em outro texto famoso, ele fazia uma interessante observação: «receio que não possamos nunca afastar-nos de Deus porque ainda acreditamos na Gramática»[iv]. Desse modo, o ateísmo radical deveria conduzir a uma sociedade sem ciências, sem explicações últimas, na qual o homem só seria capaz de conhecer seus próprios estados de ânimo. Porém, tudo isso parte de uma afirmação com valor de verdade absoluta: «Deus morreu, Deus continua morto, nós o matamos»[v]. O “teomicídio” seria, pois, o ato supremo de uma vontade que busca uma autonomia absoluta, e não de uma demonstração racional. E aquele gesto traria consigo um relativismo radical, mas não certamente absoluto.

É certo que hoje muitos pensam que o relativismo seja o fundamento do ateísmo, mas isso se deve a um modo superficial de examinar o problema. Se o relativismo é total, se não há nenhuma verdade, jamais pode ser verdade que Deus não exista. De modo que, surpreendentemente, o ateísmo mesmo coloca limites ao relativismo. Em outras palavras, pode existir um ateísmo relativista, ou seja, um ateísmo a partir do qual se deduz o relativismo, mas não um relativismo ateu.

Então, é impossível um relativismo absoluto? Coloquemos de outro modo a questão: pode ser verdade que não existe nenhuma verdade? Só há duas respostas possíveis: “sim, é verdade que não existe nenhuma verdade”. Ora, quem diz isso, assume, talvez inconscientemente, que há alguma verdade; e se alguém disser “não, não pode ser verdade que não exista a verdade”, certamente estaria usando melhor a sua razão e teria encontrado a resposta lógica. De modo que, com uma resposta ou outra, a conclusão é sempre a mesma: não pode existir um “relativismo absoluto”, a verdade sempre faz parte do nosso pensamento e discurso.

A consequência disso é, que por incrível que pareça, o relativismo só pode ser relativo, uma vez que só pode ser parcial. Isso porque é sempre necessário aceitar que há alguma verdade, que algo pode ser conhecido. Certo tipo de relativismo pode ser aceito para as opiniões, que são afirmações de algo pouco fundamentado, de modo quando se opina se há receio de que a afirmação contrária seja a verdadeira. Mas nem tudo na nossa comunicação é simples opinião.

Aristóteles dizia que como a verdade é uma realidade primeira do nosso pensamento, quem nega a verdade, afirma a verdade. Ou seja, quem nega que ela exista, sabe já o que ela seja e supõe que é verdade a sua não existência, o que é uma contradição em termos. Outro modo de fugir ao compromisso com a verdade seria assumir a posição cética, ou seja, aquela postura de certos pensadores que dizem não ser possível nem afirmar, nem negar a verdade. Quem assume essa posição, certamente se livra da linguagem e da “Gramática”, mas isso traz consigo uma consequência nefasta: não negar nem afirmar algo, faz o ser humano se tornar semelhante a uma planta, com quem não é educado discutir.

O relativismo só pode, pois, ser relativo, ou seja, só pode ser aplicado a algumas afirmações e nunca a todas. A verdade não pode jamais ser excluída da vida e da linguagem humana, a menos que alguém se conforme em viver como uma planta. F. Nietzsche só pôde dizer que a verdade é «um exército de metáforas», uma «ilusão», uma moeda sem valor porque sabia perfeitamente o que é uma metáfora, uma ilusão, uma moeda com valor. Negar a verdade implica sempre aceitar a verdade, assim como negar Deus implica pressupor a sua existência.

Então, temos que colocar agora a incômoda questão: afinal de contas, o que é a verdade? Platão dizia que «verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são, falso o que diz como as coisas não são»[vi]. E Aristóteles afirmou algo tão simples quanto essencial: «Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade»[vii]. A verdade se dá quando o nosso discurso expressa o que as coisas realmente são.

Em que sentido então pode ser aceito o relativismo? Já iniciamos aqui a resposta, mas a aprofundaremos numa outra ocasião. O que importa agora é deixar clara a conclusão a que chegamos: o relativismo não pode ser absoluto, só pode ser, por incrível que pareça, relativo.

Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.

[i] Cfr. http://beta.zenit.org/pt/articles/o-ateismo-e-uma-escolha-racional

[ii] M. HORKHEIMER e Th.ADORNO, Dialettica dell’illuminismo, Einaudi, Torino 1966, p. 125: «Percebemos “que também os não conhecedores de hoje, nós, ateus e antimetafísicos, alimentamos ainda o nosso fogo no incêndio de uma fé antiga dois milênios, aquela fé cristã que era já a fé de Platão: ser Deus a verdade e a verdade divina”. Sendo assim, a ciência cai na crítica feita à metafísica. A negação de Deus implica em si uma contradição insuperável, enquanto nega o saber mesmo».

[iii] Cfr. F. NIETZSCHE, Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, ed. Hedra, São Paulo 2007.

[iv] Cfr. IdemCrepúsculo dos Ídolos, ed. Companhia das Letras, São Paulo 2006.

[v] IdemA Gaia ciência, ed. Hemus, Curitiba 2002, p. 134.

[vi] PLATÃO, Crátilo 385 b; cfr. também Sofista, 262 e

[vii] ARISTÓTELES, Metafísica, IV, 7, 1011 b 26 e segs.

publicado por portucalia às 22:10

Abril 01 2013
UEA coloca à venda obras literárias por intermédio do seu site 

 Angop
Secretário-geral da UEA, Carmo Neto
Secretário-geral da UEA, Carmo Neto
 
 
Luanda - Os amantes da literatura têm a oportunidade, em qualquer espaço do mundo onde vivam, comprar livros de autores angolanos, desde que recorram ao site da União dos Escritores Angolanos(UEA), onde constam as formalidades a cumprir para a efectivação deste desejo.
 
Esta informação foi prestada hoje à Angop, pelo secretário-geral da UEA, Carmo Neto, tendo acrescentando que depois de se aceder ao site www.ueangola.com vai-se ao item loja, onde estão os esclarecimentos necessários para o pagamento via Western Union. 
 
Feito isso, disse que a UEA, na posse dos endereços do cliente, procede à entrega do livro solicitado.
 
Para o secretário-geral, esta acção ressalta a importância deste site, existente há cerca de 12 anos, e bastante visitado.
 
“ Das estatísticas dos últimos oito dias, temos como resultado 12.766 internautas que visitaram o nosso site. Estas visitas foram feitas por internautas de 62 países, entre os quais se destacam Brasil, Angola, Portugal, Moçambique, EUA, Cabo Verde, França e Alemanha”, indicou.
 
Um dado que se ressaltou foi o facto de o Brasil ter tido, do número em referência, 7 mil 143 visitantes no site da UEA, enquanto os angolanos apenas 2 mil 978. Isso, apontou, tem a ver com facto de haver maior acesso às novas tecnologias de informação e comunicação neste país da América do Sul, onde é muito mais barato a aquisição de um iPod, ifone e um computador do que em Angola.
 
No entanto, com a recente criação, pelo Estado, das Mediatecas, o acesso e uso das novas tecnologias de informação e comunicação aumentará efectivamente e, como consequência, mais angolanos acessarão o site da UEA.
 
Carmo Neto destacou ainda que com o site conseguiram, no que diz respeito a investigação dos estudantes ou quem quer aprofundar os seus conhecimentos de literatura angolana, oferecer links sobre entrevistas em sites, assim como de dados biográficos e bibliográficos dos membros da UEA. 
 
“Pretendemos enriquecer os links noticiosos, ensaios e críticas, fazendo recurso, por exemplo, do material (textos) de participação dos escritores nos simpósios internacionais”, asseverou.
 
Relativamente à biblioteca desta agremiação, informou que continua a ser um dos lugares mais frequentados pelo público em geral e, em especial, pelos estudantes, pois de 2010 até ao momento registou 81 mil visitantes. 
 
“ Notamos que há uma grande apetência de se consultarem os nossos livros. Temos também diversas obras de nacionalidades diferentes que, na verdade, enriquecem a cultura geral dos nossos visitantes”, rematou.
 
O cyber da instituição, contíguo a biblioteca, tem igualmente ajudado os estudantes nas suas consultas. 
 
A União dos Escritores Angolanos (UEA) foi proclamada em 10 de Dezembro de 1975, em sessão que contou com a presença do poeta e primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, que proferiu um discurso programático onde reflectiu sobre a dimensão cultural do país.
 
Neste momento, cerca de 120 escritores são membros da UEA, uma agremiação que tem como objectivos incentivar a criação literária dos seus membros, propiciar a revelação de novos escritores, orientando os seus esforços e dando-lhes o necessário apoio e fortalecer os laços com a literatura e as artes dos outros povos africanos e do mundo.





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publicado por portucalia às 16:44

Abril 01 2013

Segunda-feira, dia 01 de Abril de 2013

2ª-FEIRA NA OITAVA DA PÁSCOA


Santo do dia : Santo Hugo de Grenoble, bispo, +1152 

Ver comentário em baixo, ou carregando aqui 
São Pedro Crisólogo : «Ide anunciar aos Meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão» 

Livro dos Actos dos Apóstolos 2,14.22-33.

No dia de Pentecostes, Pedro de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e dirigiu-lhes então estas palavras: «Homens da Judeia e todos vós que residis em Jerusalém, ficai sabendo isto e prestai atenção às minhas palavras. 
Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, com milagres, prodígios e sinais que Deus realizou no meio de vós por seu intermédio, como vós próprios sabeis, 
este, depois de entregue, conforme o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós o matastes, cravando-o na cruz pela mão de gente perversa. 
Mas Deus ressuscitou-o, libertando-o dos grilhões da morte, pois não era possível que ficasse sob o domínio da morte. 
David diz a seu respeito: ‘Eu via constantemente o Senhor diante de mim, porque Ele está à minha direita, a fim de eu não vacilar. 
Por isso o meu coração se alegrou e a minha língua exultou; e até a minha carne repousará na esperança, 
porque Tu não abandonarás a minha vida na habitação dos mortos, nem permitirás que o teu Santo conheça a decomposição. 
Deste-me a conhecer os caminhos da Vida, hás-de encher-me de alegria com a tua presença.’ 
Irmãos, seja-me permitido falar-vos sem rodeios: o patriarca David morreu e foi sepultado, e o seu túmulo encontra-se, ainda hoje, entre nós. 
Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera, sob juramento, que um dos descendentes do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, 
viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo por estas palavras: ‘Não foi abandonado na habitação dos mortos e a sua carne não conheceu a decomposição.’ 
Foi este Jesus que Deus ressuscitou, e disto nós somos testemunhas. 
Tendo sido elevado pelo poder de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou-o como vedes e ouvis. 


Evangelho segundo S. Mateus 28,8-15.

Naquele tempo, Maria Madalena, e a outra Maria, que tinham ido ao túmulo do Senhor afastaram-se a toda a pressa, cheias de temor e de grande alegria, e correram a dar a notícia aos discípulos. 
Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante dele. 
Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.» 
Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade participar aos sumos sacerdotes tudo o que tinha acontecido! 
Eles reuniram-se com os anciãos; e, depois de terem deliberado, deram muito dinheiro aos soldados, 
recomendando-lhes: «Dizei isto: 'De noite, enquanto dormíamos, os seus discípulos vieram e roubaram-no.’ 
E, se o caso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e faremos com que vos deixe tranquilos.» 
Recebendo o dinheiro, eles fizeram como lhes tinham ensinado. E esta mentira divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. 



Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org 



Comentário ao Evangelho do dia feito por : 

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja 
Sermão 76, 2-3; CCL 24A, 465-467 

«Ide anunciar aos Meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão»

O anjo tinha dito às mulheres: «Ele ressuscitou dos mortos  e vai à vossa frente para a Galileia. Lá O vereis» (Mt 28,7). Ao dizer isto, não era a Maria Madalena e à outra Maria que o anjo se dirigia mas, nestas duas mulheres, era a Igreja que ele enviava em missão, era a Esposa que o anjo enviava ao encontro do Esposo.


Enquanto elas se afastam, o Senhor vem ao seu encontro e saúda-as, dizendo: «Salve!» [...] Ele dissera aos discípulos: «Não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho» (Lc 10,4); nesse caso, como pode ir ao encontro destas mulheres e cumprimentá-las tão jubilosamente? Ele não espera que O reconheçam, não procura ser identificado, não Se presta a que Lhe façam perguntas, mas apressa-Se, cheio de ímpeto, a ir ao encontro delas. [...] Eis o que faz a força do amor; ele é mais forte do que tudo, passa por cima de tudo. Ao saudar a Igreja, é a Si mesmo que Cristo saúda, pois fê-la Sua, ela tornou-se Sua carne, ela tornou-se o Seu corpo, como atesta o apóstolo Paulo: «É Ele a cabeça do Corpo, que é a Igreja» (Col 1,18). Sim, é de facto a Igreja, em toda a sua plenitude, que aquelas duas mulheres personificam. [...]


Quando Ele encontra estas mulheres, elas estão já num estádio de maturidade da fé: dominaram as próprias fragilidades, e concentram-se no mistério, procurando o Senhor com todo o fervor da sua fé. Por isso, merecem que o Senhor Se lhes ofereça quando vai ao seu encontro e lhes diz: «Salve!» O Senhor não só consente em que O toquem, mas que O agarrem à medida do amor que Lhe têm. [...] Tais mulheres são, na Igreja, o modelo dos mensageiros da Boa Nova.



publicado por portucalia às 16:30

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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