PORTUCÁLIA

Outubro 23 2012

A história de minha vida política sempre oscilou entre dois sentimentos: esperança e desilusão. Cresci ouvindo duas teses divergentes: ou o Brasil era o país do futuro ou era uma zorra sem nome, um urubu caindo no abismo. Nessa encruzilhada, eu cresci. Além disso, dentro dessa dúvida havia outra: UDN ou PTB? Reacionários da "elite" ou o "povo"? Brigadeiro Eduardo Gomes ou Getúlio, "finesse" ou "sujeira"? Comecei a me interessar por política quando votei em Jânio. Confesso. Eu tinha 18 anos e não consegui me interessar por Lott, aquele general com cara de burro, pescoço duro. Jânio me fascinava com sua figura dramática, era uma caricatura vesga, cheia de caspa e dava a impressão de que ele, sim, era de esquerda, doidão, "off". Meses depois, estou no estribo de um bonde quando ouço: "Jânio tomou um porre e renunciou!" Foi minha primeira desilusão. Eleito esmagadoramente, largou o governo como se sai de um botequim. Ali, no estribo do bonde ‘Praia Vermelha’, eu entendi que havia uma grossa loucura brasileira rolando por baixo da política, mais forte que slogans e programas racionais. Percebi que existia uma ‘sub-história’ que nos dirigia para além das viradas políticas. Uma vocação, uma anomalia secular que faz as coisas ‘desacontecerem’, que criou ‘um país sob anestesia, mas sem cirurgia’, como diagnosticou Mário Henrique Simonsen.

 

Já na UNE, eu participei febrilmente da luta pela posse do vice João Goulart, que a direita queria impedir. O Exército do Sul, com Brizola à frente, garantiu a posse de Jango e botei na cabeça que, com militares ‘legalistas’ e heróis de esquerda, finalmente o Brasil ia ascender a seu grande futuro.

Nos dois anos seguintes, vivi a esperança de um paraíso vermelho que ia tomar o País todo, numa réplica da rumba socialista de Cuba, a revolução alegre e tropical que ia acabar com a miséria e instalar a cultura popular, a grande arte, a beleza, sem entraves, com o presidente Jango e sua linda mulher fundando a ‘Roma tropical’, como berrava Darcy Ribeiro em sua utopia. Um velho mundo ia cair sem resistência. Não haveria golpes, pois o ‘Exército é de classe média e portanto a favor do País’ – nos ensinava o PCB. Dá arrepios lembrar da assustadora ingenuidade política da hora. No dia 31 de março de 64, estou na UNE comemorando a 'vitória de tudo'.

Havia um show com Grande Otelo, Elza Soares, celebrando a ‘vitória do socialismo’. Um amigo me abraçou, gritando: "Vencemos o imperialismo norte-americano; agora, só falta a burguesia nacional!" Horas depois, a UNE pegava fogo e eu pulava pelos fundos sob os tiros das brigadas juvenis de direita. No dia seguinte, diante de mim, materializou-se a figura absurda de Castelo Branco, como um ET verde-oliva. Acho que virei adulto naquela manhã, com a UNE em fogo, com os tanques tomando as ruas. Eu acordara de um sonho para um pesadelo.

No entanto, os tristes dias militares de Castelo ainda tinham um gosto democrático mínimo, que até serviu para virilizar nossa luta política. Agora, o inimigo tinha rosto e uniforme e contra ele se organizou uma resistência cultural rica e fértil, que se refinou pelo trauma e que perdeu o esquematismo ingênuo pré-64. As ideias e as artes se engrandeceram na maldição. Nossa impotência estimulou uma nova esperança. A partir daí, as passeatas foram enchendo as ruas, num movimento democrático que acreditava que os militares cederiam à pressão das multidões. Era ilusão.

Ventava muito em Ipanema, dezembro de 68, enquanto o ministro Gama e Silva lia o texto do Ato Institucional 5 na TV, virando o País num sinistro campo de concentração. Com uma canetada, o Costa e Silva, com sua cara de burro, instado pela louca ‘lady MacBrega Yolanda’, fechou o País por mais 15 anos. Esperança. Desilusão. Vieram os batalhões suicidas das guerrilhas urbanas. Nos anos do milagre brasileiro, os jovens românticos ou foram massacrados à bala ou caíram no desespero da contracultura mística, enquanto os mais caretas enchiam o rabo de dinheiro nos ‘milagres’ de São Paulo.

O bode durou 15 anos e a democracia virou uma obsessão. "Quando vier a liberdade, tudo estará bem!", dizíamos. Só pensávamos na democracia e ninguém reparou que ela foi voltando menos pelos comícios das Diretas e mais pelas duas crises do petróleo que criaram a recessão mundial, acabando com a grana que sustentava os militares no poder. Os milicos e a banca internacional nos devolveram a liberdade na hora de pagar a conta da dívida externa. Os militares queriam se livrar da batata quente da falência do Estado e entregaram-no aos paisanos eufóricos com a vitória de Tancredo. Nova esperança! Aí, veio um micróbio voando, entrou no intestino do Tancredo e mudou nossa história. E começou a grande desilusão. Com a volta da democracia, no período Sarney, tudo piora. Nossos velhos vícios reapareceram. Apavorado, vi que a democracia só existia de boca, não estava entranhada nas instituições que passaram a ser pilhadas pelos famintos corruptos e políticos que tomaram o poder – todos ‘nobres’ vítimas da ditadura. Daí para frente, só desilusão e dor: inflação a 80% ao mês (lembram?), o messianismo de Collor, montado no cavalo louco da República, vergonha e horror. Depois, nova esperança com o impeachment; depois, mais esperança com o Plano Real, vitória da razão reformista com FHC, logo depois do Brasil no tetra, céu azul, esperança sem inflação. Nunca acreditei tanto na vida.

Mas, hoje, estou aqui, com medo e com tristes pressentimentos. Dilma pode ser uma nova esperança, se criar uma ponte entre a teimosia regressista e uma modernização mais liberal. O problema é que, para além das ideologias, existe no Brasil a maldição do Mesmo, uma grande empada de detritos que clama pelo atraso. O maior inimigo do Brasil é a aliança entre uma ideologia 'de esquerda' e a oligarquia 'de direita' – como é hoje. Nem UDN nem PTB. Ganha sempre o Partido do Mesmo.

publicado por portucalia às 15:40

Outubro 23 2012



Embalado pelo aumento da classe C, o Brasil finalmente ultrapassou a China no número de vistos de turistas emitidos pelos consulados americanos no ano passado. Foram 746,3 mil vistos do tipo em 2011, ante 701,7 mil dos chineses - isso apesar de o país asiático ter população cinco vezes maior e economia crescendo em um ritmo quatro vezes mais rápido que o nacional.

 

A alta procura fez com que, contando todos os tipos de vistos, a embaixada e os consulados americanos no Brasil emitissem o número recorde de mais de 1 milhão de vistos de não-imigrantes para brasileiros nos últimos 12 meses. De janeiro a setembro de 2012, o crescimento foi de 16% em relação ao mesmo período do ano passado, o que obrigou consulados no País a dobrarem seu pessoal e criarem novas centrais de triagem para desafogar os postos de entrevistas.E sabem para onde eles vão ?  Disney World, Miami, Shoppings,  e como são pessoas de  "cabecinhas"  você não os vê visigtando museus ou lugares históricos ou as grandes livrarias dos USA  ou  da Europa.  São os "filhos"  de Lula.    

publicado por portucalia às 13:58

Outubro 23 2012

Terça-feira, dia 23 de Outubro de 2012

Terça-feira da 29 semana do Tempo Comum


Santo do dia : São João de Capistrano, religioso, +1456 

Ver comentário em baixo, ou carregando aqui 
São Bernardo : Vigiar no Espírito Santo 

Carta aos Efésios 2,12-22.

Irmãos: No tempo em que éreis pagãos, vós estáveis sem Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. 
Mas em Cristo Jesus, vós, que outrora estáveis longe, agora, estais perto, pelo sangue de Cristo. 
Com efeito, Ele é a nossa paz, Ele que, dos dois povos, fez um só e destruiu o muro de separação, a inimizade: na sua carne, 
anulou a lei, que contém os mandamentos em forma de prescrições, para, a partir do judeu e do pagão, criar em si próprio um só homem novo, fazendo a paz, 
e para os reconciliar com Deus, num só Corpo, por meio da cruz, matando assim a inimizade. 
E, na sua vinda, anunciou a paz a vós que estáveis longe e paz àqueles que estavam perto. 
Porque, é por Ele que uns e outros, num só Espírito, temos acesso ao Pai. 
Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus, 
edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. 
É nele que toda a construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo, no Senhor. 
É nele que também vós sois integrados na construção, para formardes uma habitação de Deus, pelo Espírito. 


Evangelho segundo S. Lucas 12,35-38.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas. 
Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor ao voltar da boda, para lhe abrirem a porta quando ele chegar e bater. 
Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes! Em verdade vos digo: Vai cingir-se, mandará que se ponham à mesa e há-de servi-los. 
E, se vier pela meia-noite ou de madrugada, e assim os encontrar, felizes serão eles. 



Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org 



Comentário ao Evangelho do dia feito por : 

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja 
Sermão sobre o Cântico dos Cânticos, nº 17, 2 

Vigiar no Espírito Santo

Temos de estar vigilantes e atentos à obra da salvação que se realiza em nós, porque é com admirável subtileza e com a delicadeza de uma arte divina que o Espírito Santo realiza continuamente esta obra no mais íntimo do nosso ser. Que esta unção que tudo nos ensina não nos seja retirada sem que tenhamos consciência disso, e que a sua vinda não nos apanhe desprevenidos. Pelo contrário, convém-nos estar permanentemente atentos, com o coração totalmente aberto, para recebermos esta bênção generosa do Senhor. Em que disposições quer o Espírito encontrar-nos? «Sede como os servos que esperam o seu senhor, quando ele regressa das núpcias.» Ele nunca regressa de mãos vazias da mesa celeste, com todas as alegrias que esta prodigaliza.


Temos, pois, de velar, e de velar em todo o momento, porque nunca sabemos a que horas virá o Espírito, nem a que horas voltará a partir. O Espírito vai e vem (Jo 3, 8); se, graças à Sua presença, nos mantemos de pé, quando Ele Se retira caímos inevitavelmente, mas sem nos magoarmos, porque o Senhor nos sustenta com a Sua mão. E o Espírito não cessa de comunicar esta alternância de presença e ausência aos que são espirituais, ou antes, àqueles que têm a intenção de se tornar espirituais. É por isso que os visita de madrugada, pondo-os em seguida subitamente à prova.

publicado por portucalia às 13:45

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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