PORTUCÁLIA

Junho 23 2012
1. Aos primeiros raios de luz, e para contrariar aquela aversão a deixar a cama,
pensa logo «Vou-me levantar para o trabalho do homem». Estará certo eu
resmungar por ter de começar a fazer aquilo para que nasci e que é a razão de
ser da minha vinda ao mundo? Foi este o objectivo da minha criação, ficar aqui
deitado debaixo dos cobertores para me manter quentinho? «Ah, mas é muito
mais agradável!» Foi então para o prazer que vieste ao mundo, e não para o
trabalho, para o esforço? Olha para as plantas, os pardais, as formigas, as
aranhas, as abelhas, todos ocupados nas suas tarefas, cada um
desempenhando o seu papel com vista a uma ordem mundial coerente; e vais tu

rejeitar a parte do homem nesse trabalho, em vez de cumprires sem demoras as
ordens da Natureza? «Sim, mas uma pessoa tem de ter também algum
descanso.» Claro; mas o descanso tem os seus limites estabelecidos pela
natureza, da mesma maneira que também os têm a alimentação e a bebida; e tu
ultrapassas esses limites, tu vais para além da suficiência; enquanto, por outro
lado, quando se trata de acção, tu ficas aquém daquilo que podias conseguir.
Tu não tens verdadeiro amor por ti próprio; se o tivesses, amarias a tua
natureza e a vontade da tua natureza. Os artesãos que amam a sua profissão
empenham-se ao máximo no seu trabalho, mesmo sem se lavarem e sem
comerem; mas tu tens a tua natureza em menos consideração do que o
gravador tem a sua gravação, o dançarino a sua dança, o avarento o seu monte
de prata, ou o presunçoso o seu momento de glória. Quando põem o coração no
trabalho, estes homens estão prontos a sacrificar a alimentação e o sono ao
avanço no sentido do objectivo que escolheram. Será o serviço da comunidade
menos digno, aos teus olhos, e merecerá ele menos devoção?
2. Oh, quem me dera a consolação de ser capaz de pôr de lado e atirar para o
esquecimento todas as impressões importunas e fastidiosas, e ficar num instante
completamente em paz!
3. Reserva-te o direito a qualquer acto ou afirmação que esteja de acordo com a
natureza. Que as críticas ou comentários que se possam seguir não to impeçam;
se há alguma coisa boa para fazer ou dizer, nunca renuncies ao teu direito a ela.
Aqueles que te criticam têm a sua própria razão a guiá-los, e os seus próprios
impulsos a instigá-los; não deves deixar que os teus olhos se desviem na sua
direcção, mas antes manter um rumo certo e seguir a tua própria natureza e a
Natureza-Mundo (e o rumo destes dois é um só).
4. Eu trilho as estradas da natureza até à hora em que me deitarei para
descansar, devolvendo o meu último sopro ao ar de que o aspirei diariamente, e
mergulhando na terra donde o meu pai tirou a semente, a minha mãe, o sangue,
e a minha ama, o leite do meu ser — terra que durante tantos anos me forneceu
diariamente comida e bebida, e, embora tão atrozmente maltratada, ainda
permite que eu pise a sua superfície.
publicado por portucalia às 22:35

Junho 23 2012

 

Sabado, dia 23 de Junho de 2012

Sábado da 11ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. José Cafasso, presbítero, +1860,  S. Bento Menni, presbítero, fundador, +1914 

Ver comentário em baixo, ou carregando aqui 
São Rafael Arnaiz Baron : «Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?»

Evangelho segundo S. Mateus 6,24-34.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» 
«Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? 
Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? 
Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? 
Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! 
Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. 
Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? 
Não vos preocupeis, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?’ 
Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. 
Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. 
Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.» 



Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org 



Comentário ao Evangelho do dia feito por : 

São Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), monge trapista espanhol 
Escritos espirituais, 04/03/1938 

«Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?»

Em nome do Deus santo, tomo hoje a pena para que as minhas palavras, que se imprimem sobre a folha branca, sirvam de louvor perpétuo ao Deus bendito, autor da minha vida, da minha alma, do meu coração. Gostaria que o universo inteiro, com os planetas, todos os astros e os inúmeros sistemas estelares, fosse uma imensa extensão, polida e brilhante, onde eu pudesse escrever o nome de Deus. Gostaria que a minha voz fosse mais potente que mil trovões, mais forte que o estrépito do mar, e mais terrível que o bramido dos vulcões, para dizer apenas: Deus! Gostaria que o meu coração fosse tão grande como o céu, puro como o dos anjos, simples como o da pomba (Mt 10,16), para nele pôr Deus! Mas, dado que toda esta grandeza com que sonhaste não se pode tornar realidade, contenta-te com pouco e contigo, que não és nada, Irmão Rafael, porque o nada deve bastar-te [...].


Por quê calar? Por que escondê-lO? Por que não gritar ao mundo inteiro e bradar aos quatro ventos as maravilhas de Deus? Por que não dizer às pessoas e a todos os que quiserem entender: vêem o que sou? Vêem o que fui? Vêem a minha miséria que se arrasta na lama? Pouco importa: maravilhem-se; apesar de tudo, possuo Deus. Deus é meu amigo! Deus ama-me, a mim, com tal amor que, se o mundo inteiro o compreendesse, todas as criaturas ficariam loucas e bramiriam de assombro. Mas isso ainda é pouco. Deus ama-me tanto, que nem os próprios anjos o compreendem! (cf 1P 1,12) A misericórdia de Deus é grande! Amar-me, a mim, ser meu Amigo, meu Irmão, meu Pai, meu Senhor, sendo Ele Deus, e eu o que sou!


Ah, meu Jesus, não tenho nem papel, nem pena. Que posso dizer! Como não enlouquecer?

publicado por portucalia às 22:30

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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