Domingo, dia 18 de Março de 2012
4º Domingo da Quaresma - Ano B
Festa da Igreja : Quarto Domingo da Quaresma (semana IV do saltério)
Santo do dia : S. Cirilo de Jerusalém, bispo, Doutor da Igreja, +386, Santo Eduardo, rei de Inglaterra, mártir, +978
Ver comentário em baixo, ou carregando aqui
Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]: «Assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que n'Ele crê tenha a vida eterna»
Evangelho segundo S. João 3,14-21.
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto,
a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna.
De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus.
E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más.
De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]
Sermões para a Quaresma de 1981
«Assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que n'Ele crê tenha a vida eterna»
«Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-Se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-Se, identificado como homem, rebaixou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus O elevou acima de tudo e Lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome» (Fl 2,5-9). [...] Este texto, de uma riqueza extraordinária, faz claramente alusão à primeira queda [...]. Jesus Cristo trilha os passos de Adão. Contrariamente a Adão, Ele é verdadeiramente «como Deus» (cf. Gn 3,5). Mas ser como Deus, ser igual a Deus, é «ser Filho» e, portanto, relação total: «o Filho, por Si mesmo, não pode fazer nada» (Jo 5,19). Por isso, Aquele que é verdadeiramente igual a Deus não Se agarra à Sua própria autonomia, ao carácter ilimitado do Seu poder e do Seu querer. Porque percorre o caminho inverso, torna-Se o dependente-mor, torna-Se o servo. Porque não segue o caminho do poder, mas o do amor, pode humilhar-Se até à mentira de Adão, até à morte e, então aí, erigir a verdade, dar a vida.
Assim, Cristo torna-Se o novo Adão por Quem a vida toma um novo rumo [...] A Cruz, lugar da Sua obediência, torna-se a verdadeira árvore da vida. Cristo torna-Se a imagem oposta à serpente, tal como diz João no seu evangelho. Dessa árvore não vem a palavra da tentação, mas a palavra do amor salvador, a palavra da obediência, pela qual o próprio Deus Se faz obediente e nos oferece assim a Sua obediência como campo da liberdade. A cruz é a árvore da vida que de novo se torna acessível. Na Paixão, Cristo afastou, por assim dizer, a espada flamejante (Gn 3, 24), atravessou o fogo e levantou a cruz como verdadeiro eixo do mundo, sobre o qual o mundo se reergue. Por isso a eucaristia, enquanto presença da cruz, é a árvore da vida que está sempre no meio de nós e nos convida a receber os frutos da vida verdadeira.