PORTUCÁLIA

Março 17 2012

A ÚLTIMA MISSA DO GALO Antonio Ribeiro de Almeida

 

A Helena Córdova Cunha, tia e madrinha, que viveu aqueles tempos.

 

Era 1940, 24 de dezembro, véspera de Natal, uma terça-feira. Chovia que Deus mandava! Nunca, um dezembro fora tão chuvoso. As estradas para as fazendas só eram vencidas pelos carros de bois ou a cavalo. Isto, contudo, não impedia que os agregados da fazenda da Sá Helena viessem para a Missa do Galo. Eles enfrentavam o barro da estrada, com as botinas penduradas nos ombros, caminhando as quatro léguas para chegarem a Rio Branco. Vinham em turmas. Tagarelando, tocando sanfona de oito baixos e cavaquinho. Os mais afoitos dançavam em plena estrada, mesmo debaixo de uma chuvinha miúda, fazendo passar uma garrafa de pinga de mão em mão. Haviam saído da Fazenda São Francisco ao amanhecer.. Chegariam a tempo para o almoço na casa da fazendeira. Na cozinha de Sá Helena, o movimento era grande. Além da cozinheira Maria, três ajudantes haviam sido convocadas para preparar a comida para mais de vinte homens. Nada menos de dez galinhas já haviam sido degoladas para matar a fome da turma. Com a turma vinha também Sá Anja. Ela vivia na fazenda desde os tempos da escravidão. Não se sabia, ao certo, sua idade. Os cabelos eram brancos como o algodão. De pano amarrado na cabeça, um terço em volta do pescoço que caía sobre sua blusa de chitão, com saia rodada, ela compunha uma figura respeitável pitando seu cachimbo de barro. Seus pés revelavam uma pele mais grossa que o couro. Não havia espinho ou caco de vidro que ali penetrasse. Foram vãs todas as tentativas para que calçasse sapatos. Gostava de andar descalça, sentir sob os seus pés a terra. Católica, não aceitava o culto da umbanda. Para ela eram coisas do tinhoso, do mofento, do bode preto. Não perdia missa, mesmo fora das festas, e missa com a comunhão do Santíssimo. Por isto, todo domingo, fizesse chuva ou sol, ela vinha para a missa das dez horas na Matriz. Era meio-dia quando a turma chegou na casa de Sá Helena. Os rapazes foram se ajeitar num barraco do terreiro, enquanto Sá Anja, como mais chegada à fazendeira, entrou cozinha adentro, e logo se assentou, de cócoras, num canto. A chuva, que até então caíra fininha, parou de repente. O céu se abriu e um sol forte e luminoso afastou as nuvens. Devagarinho, ele foi secando os telhados, as árvores, as ruas e os terreiros. Passarinhos, que estavam recolhidos nos ninhos, voaram para todos os lados e começaram a ensaiar os seus cantos. A noite de Natal prometia ser de céu limpo, com muitas estrelas e lua nova. Chegou a hora da comilança. . Maria, a cozinheira, foi distribuindo os pratos pela rapaziada. Satisfeitos, com os estômagos cheios, eles improvisaram uma dança que só eles entendiam. Davam pinotes, passavam uma das mãos no chão, e, em seguida, gritavam em coro: “Vem que te furo. “ Sá Anja, depois do seu almoço, continuou acocorada no seu canto, fumando o seu cachimbo de barro, observando o movimento. Daí a pouco, chegou a fazendeira. - Então, Sá Anja, como vai você ? - Graças ao bom Deus vou bem, Sá Helena. - Como vai a nossa plantação de arroz ? - Ah, sinhá, não tem mais bonito não por aquelas bandas. As espigas estão carregadas. Vancê vai ver quando for por lá. - Muito bem, Sá Anja. Eu sei que posso contar com você e seus filhos. Vocês pegam mesmo no trabalho do amanhecer até ao anoitecer. Por isto é que vamos repartir a colheita à meia. - Sá Helena era uma fazendeira justa e seus agregados tinham toda assistência médica e farmacêutica que ela podia dar. Por isto não era bem olhada pela maioria dos fazendeiros da região que ainda tratavam seus agregados como escravos. A tarde passou depressa. A moçada dormia a sono solto debaixo do barraco. Sá Helena e Sá Anja foram ver o presépio da Dodoca. Era o mais lindo da cidade. A beata colocava toda sua imaginação e habilidade na montagem do presépio. Patinhos de plástico nadavam em lagos de espelhos, boizinhos e burros pastavam numa grama verde de papel, e até um monjolo, com água e tudo, subia e descia, fazendo “toc-toc’-toc”. No fundo, iluminado por uma grande estrela, o menino Jesus dormia sob os olhos vigilantes de Maria e José. Dodoca não deixava os visitantes sem uma xícara de café e sem o seu famoso bolo de arroz. A fazendeira, antes de sair, colocou uma moeda nas mãos da imagem de um anjo que agradeceu movendo, mecanicamente, a cabeça. As duas mulheres saíram satisfeitas e encantadas com o presépio. Agora, era esperar a chegada da noite. Antes disto a rapaziada foi toda faceira para o Jardim. Esperavam encontrar algumas cabrochas lá dos lados da fazenda, ou, quem sabe, começar um namoro com uma moça da cidade. - Às dez horas da noite, Sá Anja subiu a Rua do Divino em direção à Matriz. Ia bem cedo para pegar lugar no banco da frente, perto do altar, e fazer suas orações. Toda de branco, com o véu preto numa mão e o terço, como sempre, pendurado no pescoço. A matriz de S. João Batista era uma festa de luzes que subiam pela torre e iluminavam uma grande cruz que podia ser vista à distância. Ao entrar no templo, Sá Anja ajoelhou, como de costume, e fez o sinal da cruz. Por alguns momentos, ela contemplou, no altar central, a imagem imponente de S. João Batista apontando para o alto e tendo aos pés um cordeiro. Ela nunca compreendeu porque a imagem do santo era maior do que a do seu Jesus. Foi logo para o seu banco. Pouco a pouco, a igreja ficou repleta de fiéis. Com o terço na mão, ela ia rezando os mistérios do nascimento do menino Jesus. Mulheres de fita no peito apreciavam, à distancia, aquela preta velha. Vendo-a tão mergulhada na oração, não puxavam um pé de conversa como faziam entre si. À meia-noite em ponto, o padre começou a missa do Galo. Sá Anja ouvia com atenção “Dominus Vobiscum”, mas não compreendia aquele latinório. Olhava, fixamente, para o sacrário, e, no seu coração, pedia : “Menino Jesus, tem pena desta sua preta velha. “. Contrita, recebeu a eucaristia. Voltando para o seu banco, sentiu um sono profundo e uma irresistível vontade de dormir. Fechou os olhos e adormeceu. Sua vizinha de banco pensou que ela estava cansada e não a incomodou. Logo, o padre terminou a missa. Pouco a pouco a igreja foi ficando vazia. O sacristão, com a eficiência costumeira, foi apagando as velas do altar e ia começar a fechar as portas laterais quando avistou, adormecida, aquela preta velha. Tentou acorda-la. Em vão. Resolveu dar-lhe um leve toque nos ombros. Ao fazê-lo, o seu corpo tombou suavemente para o lado. Perplexo, saiu às pressas da igreja para chamar o vigário na Casa Paroquial. A igreja, mergulhada no silêncio e apenas iluminada pela luz mortiça da lamparina do Santíssimo, acolhia, naquele banco, o corpo de Sá Anja. Para ela, tinha, agora, pleno sentido, o latim que nunca entendera : “Ite, Missa est. “ Ela havia partido. Não mais para o seu rancho de sapé, mas para a Casa do Pai, ao encontro do Cristo que tanta amara.

publicado por portucalia às 23:40

Março 17 2012

MENSAGEM

 

Acreditar

 

 

Você precisa ter sonhos, para que possa se levantar todas as vezes que cair. Acreditar, que a toda hora, acontecerá coisas boas e mudará o rumo da sua vida. Você precisa ter sonhos grandes e pequenos, os pequenos, são as felicidades mais rápidas, os grandes, lhe darão força para suportar o fracasso dos sonhos pequenos. Você tem que regar os teus sonhos todos os dias, assim como se rega uma planta, para que cresça... Você precisa dizer sempre, a você mesmo: vou conseguir! vou superar! vou chegar no meu sonho! Tudo isso no Ágape!!! Forte Ágape!!!

publicado por portucalia às 13:55

Março 17 2012

Aprendiz

Um mestre africano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre. Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o mestre dá meia volta e começa a viagem de volta.

Você não me ensinou nada hoje - diz o aprendiz, levando mais um tombo.

- Ensinei sim, mas você parece que não aprende - responde o mestre.

- Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida.

- E como lidar com eles?

- Como deveria lidar com seus tombos - responde o mestre.

- Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que te fez escorregar.

publicado por portucalia às 13:30

Março 17 2012

Pelo menos 27 pessoas morreram, em sua maioria civis, e 97 ficaram feridasem dois atentados em Damasco na manhã deste sábado (17), anunciou o ministro da Saúde da Síria, Wael al-Halaqi.

Os ataques tiveram como alvos prédios dos serviços de segurança, segundo a televisão estatal síria: a sede da polícia criminal e um centro de informação da Força Aérea.

Um militante do comitê de coordenação da revolução de Damasco, Abu Muhanad al Mazzi, declarou à AFP que a primeira explosão aconteceu às 7h30 (2h30 de Brasília). A segunda, mais forte, aconteceu poucos minutos depois.

 

COMENTÁRIO ;  Para um cristão ocidental é inexplicável esta fúria assassina dos árabes ue matam diariamente uns aos outros.  Não sei se o fazem em nome do Alcorão.  Eu tenho e leio o Alcorão e o paraíso, tenho certeza, não está reservado para estes "herois".  Acredito, isto sim, que as chamas do Inferno é que os espera para queimá-los eternamente.  

publicado por portucalia às 13:18

Março 17 2012

Sabado, dia 17 de Março de 2012

Sábado da 3ª semana da Quaresma


Santo do dia : S. Patrício, bispo, +461,  Beata Bárbara Maix, religiosa, +1873 

Ver comentário em baixo, ou carregando aqui 
Jean Tauler : «Dois homens subiram ao templo para orar» 

Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14.

Naquele tempo, Jesus disse também a seguinte parábola, a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais: 
«Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador de impostos. 
O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: 'Ó Deus, dou-te graças por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos. 
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.' 
O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.' 
Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.» 



Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org 



Comentário ao Evangelho do dia feito por : 

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo 
Sermão 48, para o 11º domingo depois da Trindade 

«Dois homens subiram ao templo para orar»

Estes dois homens subiram ao Templo. O Templo é o amoroso fundo interior da nossa alma, no qual a Santíssima Trindade vive tão cheia de amor, trabalha tão nobremente, no qual depositou tão generosamente todo o Seu tesouro, onde Se compraz e Se alegra no gozo da Sua nobre imagem e semelhança (cf. Gn 1,26). Ninguém pode exprimir de maneira perfeita a nobreza e a alta dignidade desse Templo; é nele que temos de entrar para orar. E, para que a oração seja bem feita, tem de haver dois homens a subir [...], o homem exterior e o homem interior. A oração que faz o homem exterior de pouco ou nada serve sem o homem interior. Para avançar, realmente, no caminho da oração verdadeira e bem feita, nada é de maior ajuda e maior utilidade que o precioso corpo eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo. [...] Meus queridos filhos, deveis sentir-vos extraordinariamente reconhecidos por essa grande graça vos ser agora dada mais frequentemente que antes, e deveis preferi-la a qualquer outro auxílio. [...]
Portanto, um dos dois homens era um fariseu e o Evangelho diz-nos o que lhe aconteceu. O outro era um publicano que se mantinha afastado e, sem ousar levantar os olhos para o céu, dizia: «Ó Deus tem piedade de mim, que sou pecador»; para este, a oração terminou de modo feliz. Na verdade, gostaria de agir como ele e ter sempre em consideração a minha pequenez. Seria, absolutamente, a via mais nobre e útil que poderíamos seguir. Esse caminho traz Deus ao homem, sem cessar e sem intermediários, pois, onde Deus chega com a Sua misericórdia, chega com todo o Seu ser, chega Ele mesmo.
Ora, acontece que os sentimentos desse publicano entram na alma de algumas pessoas que então, conscientes dos seus pecados, querem fugir de Deus e do Santíssimo Sacramento, dizendo que não ousam aproximar-se dele. Não, meus queridos filhos, deveis, pelo contrário, ir com muito mais vontade à comunhão, para serdes perdoados das vossas faltas e dizerdes: «Vem, Senhor, vem depressa, antes que a minha alma morra em pecado; é necessário que venhas rapidamente, antes que ela morra de todo» (cf Jo 4,49).

 

publicado por portucalia às 13:11

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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