PORTUCÁLIA

Fevereiro 15 2012

APRENDENDO A LER

Antonio Ribeiro de Almeida

 


 

                                                            ribercor33@hotmail.com

                                                                      

 

                        Parece que foi ontem que tomei minha pedra de ardósia, meu caderno de caligrafia, a tabuada, minha goiabada com queijo e pão, coloquei-os no embornal para ir `a primeira aula na escola de Dona Olga.  No dia anterior, mamãe me dissera:

- Amanhã, filhinho, você vai entrar na escola da Dona Olga.

Eu esperava esta notícia com grande ansiedade. Já aprendera o alfabeto e sabia a tabuada de somar e diminuir.  Mamãe era de opinião que isto era  o mínimo que um filho seu deveria saber antes de entrar na escola.  Por isso, todas as manhãs, na cozinha ensolarada da nossa casa de pau – a-  pique, ela ensinava-me o alfabeto e os números. Naquele ano de 1940, não existia em Serrana jardins de infância e apenas algumas senhoras se dedicavam ao que hoje se chama ensino pré-primário.   A escola da Dona Olga era das mais conceituadas porque ela era enérgica, mas também carinhosa e dedicada aos seus alunos.  Na sua escola, nunca existira a temível palmatória que continuava a imperar na escola do “Seu”Fuinha  e na escola da Dona Marola. 

                        Não existia na região de Serrana uma didática única  para se ensinar a ler e a escrever.  Na roça, lá pelas bandas do São Francisco, quem ensinava as letras era mestre Teobaldo que usava sua sanfona de oito baixos para alfabetizar  e alegrar .À medida que ia escrevendo no quadro-negro as letras do alfabeto ele sanfonava  a “danadinha”( nome que dera ao instrumento) e cantava para a classe :

- Menino, que letra é esta?  

E a classe respondia, em coro:

-Seu mestre parece um A .

E neste clima alegre e folgazão os meninos do mestre Teobaldo iam aprendendo o ABC e a Tabuada. 

Mamãe, apesar de ser da roça e contar como era a escola de mestre Teobaldo, mudara para a cidade e me destinara à escola de Dona Olga.  Tinha lá suas dúvidas quanto ao método do professor sanfoneiro.  Na véspera das aulas, ela levou-me à Papelaria do Lalemant e na Loja do Foca onde comprara  a pedra, um par novo de botinas e suspensório. Até aquele dia, eu usava botinas apenas aos domingos para ir à Missa e à matinê do Cinema Brasil onde passava o seriado “Flash Gordon no Planeta Mogon”.  Era o meu mundo, o mundo de um menino de seis anos.  Ir para a escola não me desobrigava, contudo, de ganhar os meus tostões  vendendo carambolas na rua e entregando, religiosamente, os tostões à minha mãe.

            A aula de D. Olga começava bem cedinho e, antes das sete horas da manhã, os alunos formavam filas no portão da sua casa.  Para começar aquele dia tão importante da minha vida,  eu passei, antes, na Igreja Matriz e aos pés da imagem de Santo Antônio pedi que me ajudasse, pois a ele fora consagrado.  Ele ajudara minha mãe a casar, donde sua fama de “casamenteiro”,  meu pai a  comprar  nossa modesta casa de pau- a- pique e a encontrar qualquer objeto que se perdesse.  De vez em quando, eu via minha mãe procurando alguma coisa e rezando, baixinho, a oração que um dia me ensinou : “Aonde vais, Antônio ? Vou contigo Senhor. Não! Comigo não irás. Ficarás no mundo para ajudar os homens a encontrarem o que perderam. “   E logo, logo, minha mãe encontrava o que havia perdido. Naquele dia, aos seus pés, eu pedira para que não deixasse que eu fosse mandado para o Seminário do Caraça, na região de Mariana.  Na minha família, ainda se adotava o costume antigo de se dedicar o primeiro filho homem a Deus e isto significava seguir a carreira eclesiástica.  O Seminário do Caraça era o terror para os meninos que ouviam coisas do arco da velha.  A disciplina era rigorosa e a vida começava às quatro horas da manhã com um banho na cachoeira, seguido de Missa às cinco horas, oração e café somente às sete horas.  Depois do café, vinham as aulas em que além do Latim, era ensinado até o Grego. 

            Depois de passar na Matriz, fui para a escola da Dona Olga.  Fui o primeiro a chegar. A casa, embora velha, deixava transparecer uma opulência de inicio do século.  Guardando a escada de mármore branco, dois leões esculpidos na pedra olhavam quem chegava.  Na varanda, na parede de fundo, divisei uma pintura meio desbotada pelo tempo. Rosas emolduravam uma cena campestre onde um menino e uma menina corriam num campo .  Ela, com seu chapéu de fitas  e ele empurrando um arco.  Parecia que a menina tentava alcançar o menino para também rolar o arco.  Eu nunca vira em Serrana uns meninos tão bem vestidos como aqueles. Estava ainda absorvido por aquela pintura de um jardim europeu quando  fui interrompido no meu devaneio por um menino que chegou :

            - Qual é o seu nome ?

            - Armando Batista.

            - O meu é Joaquim Belisário. Sou filho do dr. Belisário. Onde você mora ?

            - No Barreirinho, respondi meio contrafeito.

            - Eu moro na Praça.

Com aquela resposta, fiquei paralisado e não quis mais conversa.  O recém - chegado também me olhou displicentemente e não me deu mais atenção.  Morar na Praça era um privilégio para os filhos dos ricos de Serrana.  Naquele momento, eu me vi como o filho do sr. José Ribeiro de Almeida, operário da Usina Central, que morava numa rua sem calçamento e em casa de pau-a-pique, e um sentimento confuso, que não sabia ser de inferioridade, fez subir pelas minhas pernas um certo tremor que chegou até o peito.  Para disfarçar, olhei o céu e o sol que vinha nascendo no final da Rua Nova .  Outros meninos e meninas começaram a chegar.  Vinham em grupos, revelando uma camaradagem antiga.  Só eu chegara sozinho.  Estava, contudo, esperançoso.  No fundo de minha cabeça,ouvia a frase que minha mãe me dissera um dia e que sempre me repetia : “Meu filho, uma cigana que passou por aqui olhou sua mão e viu nela uma pinta.  Disse que você será, um dia, um grande homem”

            Instintivamente olhei a palma da minha mão para conferir se a pinta estava mesmo ali.  Finalmente, D. Olga abriu a porta da escola.  Era uma senhora idosa, magra, usando um vestido preto e que a cobria até o pescoço.  Ordenou-nos que entrássemos em filas. Meninos de um lado e meninas do outro. Assentei na última carteira e retirei do meu embornal o material escolar.  Olhei, de soslaio, outros meninos que retiravam o material de vistosas pastas de couro.  D. Olga fez a chamada e começou sua aula pela Cartilha da Vovó.  No final do primeiro mês, eu já estava lendo sentenças que usavam todas as letras.  Cada aluno ia para frente e, de pé, lia a frase que a professora apontava.  Ainda recordo que a primeira leitura que fiz foi :  “A ave vive e voa.  Vovó viu a uva e o neto.” Mas eu nunca vi vovó. 

            Hoje, passados tantos anos e já velho, quando vejo uma uva num super-mercado, aquelas frases sempre voltam à minha memória como um “ritornello”do Bolero de Ravel. Na Cartilha, a vovó viu a uva , mas eu não sei se minha avó viu mesmo, algum dia, a uva.  Eu ainda vivo e aves vivem e voam.  Sobre minha casa passam pombos e rolinhas em revoadas.  De vez em quando, até periquitos de um verde-cré.  Em mim, voam estas recordações da infância que procuro aprisionar em palavras.  Quando não estiver mais aqui para onde irão as minhas recordações e as recordações daquelas outras crianças que aprenderam a ler na Escola da D. Olga ?  

 

 

publicado por portucalia às 22:34

Fevereiro 15 2012

 

 

 

Confesso que me dá nojo  ver à tarde os jornais da Bandeirantes ou outros canais que mostram os crimes do dia.  O pior em tudo isto é que são crimes gratuitos.  Os bandidõess param uma moça e exigem a bolsa ou a vida.  A vida é tomada se a infeliz brasileira  tiver apenas alguns poucos reais na bolsa e o bandidão ainda diz que ” Vai trabalhar vagabunda. “  Enquanto isto acontece e já atingiu o nível do horror os deputados federais continuam inertes e nem pensam em  mudar o Código Pena ou instituírem  prisão perpétua ou a pena de morte para estes psicopatas. A polícia revela-se impotente no combate ao crime e os bancos já cogitam desativar os caixas eletrônicos porque já foram explodidas mais de 80  nos últimos três meses.  Um conhecido meu que vive nos Estados Unidos me contou uma história interessante.  A Máfia americana existe.  São os filhos ou netos de italianos que sob juramento solene fazem parte da organização.  Escrevo que é uma  organização e a Máfia faz as suas execuções sob encomenda ou contratos que  são religiosamente  cumpridos.  A MÁFIA  poderia diminuir  o crime porra-louca dos nossos  bandidões se fosse oferecida a ela um contrato para atuar no Brasil.  Ela viiria para liquidar os chefões  do crime brasileiro e colocar sob controle os pés de chinelo que só teriam  “permissão” para assaltar, roubar ou matar se o Capo desse autorização para isto.  Passaria a reinar uma grande paz nos morros, nas ruas, nos bancos porque aí é que teriamos um crime organizado e racional.  Chega  de pora-louca!  Já que apolícia não dá conta mesmo e às vezes está até aliada aos bandidos é preciso chamar a Máfia para que haja  ORDEM  neste  bagunça e completa amoralidade É bem provável que Você não concorde com esta minha proposta e a ache  até estranha.  Como pode o mal combater o mal ?  Acontece que este Mal maior, a Máfia Americana,  teria mais lucros e a impunidade de sempre tão característica do Brasil  e o que não acontece nos Estados Unidos.  Esta é a lógica que vejo nesta proposta meio maquiavélica.  A outra alternativa, convidar  investigadores aposentados do FBI, o orgulho  nacional não permite.  Estamos  naquela situação:  se ficar o bicho come, se correr ele também come.  Logo...

publicado por portucalia às 17:15

Fevereiro 15 2012

A 15 de fevereiro de 1965 falecia  nos Estados Unidos o grande cantor Nat King Cole.  Quem o vitimou  foi a sua dependência ao caigarro pois fumava  três massos por dia.  Fez uma cirurgia na qual um dos seus pulmões foi retirado, mas nada adiantou.  Mesmo atacado pelo câncer o cantor  negro continuo a fumar.  São inesquecíveis a sua voz grave e romântica e a gravação de canções que são  regravadas até hoje.  Quem não ss lembra de  Saint Louis BluesToo YoungFascinationUnforgetable e Bailerina.

publicado por portucalia às 16:17

Fevereiro 15 2012

 

 

 

Neste mudo tem muia gente doidona em busca de notoriedade ou daqueles  15 minutos de  sucesso que trazem notícias nas televisões e nos jornais. O jornal "Bom Dia" de S. José do Rio Preto trouxe  na edição desta quarta-feira, dia 15, os seguintes doidões. 

 

DOIDÃO NÚMERO 1.  

O canadenseGuillaume Blanchet, para  homenagear seu pai, que passou a vida pedalando 120 mil kms para ir e vir do trabalho  resolveu passar 382 dias  em cima de uma bicicleta.  E ele não saiu das duas rodas para nada.  Não sei como fez  mas ele  comia, dormia, fazia necessiddes sem sair da bicicleta.  Isto deu origem até um filme que, definitivamente, não vou assistir mas que rendeu  dólares para ele. 

 

DOIDÕES NÚMERO 2. 

 

Os filipinos Errol Escobar e Princess Madrolejo  resolveram comemorar o Dia dos Namorados abraçados numa cobra  piton, que pesa mais de 200 kilos dando um beijo no Zoológico de Malabon.  Ainda bem que a cobra não resolveu abraçá-los  porque há dias, nos Estados Undiso, um americano foi "brincar" com uma piton enrolando-a no pescoço e ela resolveu apertar.  Fim da história: ele morreu.  

publicado por portucalia às 15:31

Fevereiro 15 2012

 

 

 

Evangelho segundo S. Marcos 8,22-26. Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe um cego, pedindo-lhe que o tocasse. Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?» Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar.» Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez. Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na aldeia.» Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

 

 

Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina Exercícios, nº 6 «Quando vires isto, ficarás radiante de alegria» (Is 60,5) Que grande será a minha alegria, meu Deus, que grande será o meu gozo, que grande será o meu júbilo, quando Tu me revelares a beleza da Tua divindade e a minha alma Te vir face a face! [...] Então tu, minha alma, «verás e viverás em abundância, o teu coração maravilhar-se-á e dilatar-se-á, quando receberes uma multitude de riquezas», delícias e a magnificência da glória «deste mar» imenso da Trindade, digno para sempre de adoração; quando «vier a ti o poder das nações» que «o Rei dos reis e o Senhor dos senhores» (Is 60,5; 1Tm 6,15), com a força do Seu braço, retirou da mão do inimigo para Si; quando a torrente da misericórdia e a caridade divina te cobrir. [...] Então, o cálice da visão ser-te-á apresentado e tu embriagar-te-ás (cf Sl 22,5 Vulg) — é o cálice embriagador e sublime da glória da face divina. Beberás do «rio das delícias» (Sl 36,9) de Deus, quando a própria fonte da luz te preencher eternamente com a Sua plenitude. Então verás os céus repletos da glória de Deus que neles vive e esse Astro virginal, que depois de Deus ilumina todo o céu com a sua luz tão pura [Maria], e as obras admiráveis dos dedos de Deus [os santos: Gn 2,7], e «essas estrelas da manhã» que estão sempre diante da face de Deus com muita alegria e que O servem [os anjos: Jb 38,7; Tb 12,15]. Deus do meu coração e minha herança de eleição (cf Sl 73,26), durante quanto tempo ficará ainda a minha alma frustrada sem a presença da Tua dulcíssima face? [...] Por favor, faz-me ir depressa para junto de Ti, Deus, «fonte de vida» (Sl 37,10), a fim de que, em Ti, eu possa receber a vida eterna para sempre. Bem depressa «faz brilhar sobre mim a Tua face» (Sl 31,17) para que, na alegria, eu Te veja cara a cara. Depressa, oh, depressa, mostra-Te Tu mesmo a mim, para que eternamente me regozije em Ti na felicidade.

publicado por portucalia às 13:54

PORTUCÁLIA é um blog que demonstra para os nossos irmãos portugueses como o governo brasileiro é corrupto. Não se iludam com o sr. Lula.Textos literários e até poesia serão buscados em vários autores.
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