PORTUCÁLIA

Fevereiro 03 2012

A leitura de "Sobre a China" de Henry Kissinger, editada aqui no Brasil pela "OBJETIVA", em 2011, deveria ser de leitura  obrgatória para todos os comunistas - se ainda existem - em Portugal e no Brasil.  É preciso que eles joguem fora os seus preconceitos porque as 572 páginas mostram muito bem como era maquiavélico o relacionamento dos dois grandes do comunismo.  O livro de Kissinger é todo ele fundamenado em notas registradas ao vivo e arquivadas no Departamento de Estado e nos seus arquivos.  A leitura nos mostra como era a diplomacia  na China desde o tempo dos imperadores e como os mandarins  exerciam  uma arte diplomática de fazer inveja aos ocidentais.  Adianto a pergunta:  Por que a China e os Estados Unidos se reaproximaram ?  A China foi sempre vitima do império russo que nos séculos passados havia "tomado" uma parte do seu território como a China, nos anos de Mao, se apossou do Tibete.  Mao temia que o Urso (Stálin) formasse uma coligação com os países vizinhos e tentasse em pleno século XX invadir de novo a China.  Mao é apresentado e diz não passar de um "professor" e seus diálogos com Kissinger - que fez a primeira viagem secreta - e com Níxon são deliciosos e filosóficos.  Ele dialogava de maneira socrática usando frases  crípticas, ironia e sempre colocando novas questões.  Não temia a agressão soviética e hoje sabemos que sua reaproximação com os Estados Undos foi feita principalmente em função desse temor.  Mao, como jogador de poker,  argumentava que  seu país  tinha 600 milhões de habitantes - hoje  a China está com 1 bilhão e 300 milhões - e se houvesse uma guerra atômica e liquidasse  a metade ainda sobrariam 300 milhões que resistiriam aos soviéticos porque se resguardariam  para o interior e  acabariam engolindo o exército russo.  Kissinger chama nossa atenção para o papel de Zhou Enlai, fiel servidor de Mao por mais de 40 anos, e o verdadeiro artífice da reaproximação.  A tal Revolução Cultural, estimulada por Mao com o seu "Livrinho Vermelho", quase que desconstruiu a China e Mao ao perceber isto chamou o Exército Revolucionário para acabar com aquela "bagunça". O filme " Balzac e a Costureirinha Chinesa " dá uma boa idéia do que foi a tal Revolução Cultural.    O que é mais surpreendente em Mao, nas suas conversas com Níxon , é ele  confessar que  que preferia lidar com os governantes da "Direita porque eram mais confiáveis" e que ficava  relativamente feliz quando as pessoas da Direita  chegavam ao Poder. Para mim o capítulo mais revelador de Mao e Kissinger é  o da "retomada das relações.  "  Mao não conseguiu que Stálin devolvesse o território que a Rússia havia ocupado antes da Revolução.  Numa das visitas de Mao ao camarada Stálin para  negociações o Urso - como o chamava - o deixou uns dois dias sem contato.  Depois disto mandou um secretário  aconselhar  a Mao que desse um passeio pela  União Soviética ´para ver as realizações da Revolução.  Mao  respondeu gracejando :  "  Não vou passear. " Vim para negociar e vou ficar  por aqui fazendo as três coisas que sempre faço :  comer, dormir e cagar. "  

Finalmente, nas entrelinhas pode-se perceber que KIssinger achava  Níxon muito inteligente e sagaz, Ford intiuitivo e Carter uma lástima.  A reaproximção dos EE.UU com a China só foi concretizada  pelo presidente Regan, um direitista republicano.  Enfim, a leitura de " Sobre a China" é que nos dá uma vasta compreensão do que foram os anos 50 e 60 do século XX e porque a Guerra Atômica não foi deflagrada e que as ideologias não contam e entre as nações o qiue prevalece mesmo é o Nacionalismo.  

publicado por portucalia às 17:27

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