Lembro-me de um filme alemão interessante, que assisti na adolescência, chamado Mefisto, cujo protagonista foi o ator Klaus Maria Brandauer. É a história de um ator de teatro que adere alegremente ao regime nazista, em troca de favores e da delação de seus amigos. Ou melhor, “vende” sua alma a Hitler. Um aspecto curioso desta história é que, ao contrário do que se imagina, os atores, aparentemente, desejosos da liberdade, por vezes, adoram sucumbir à tirania. Contanto que seus egos sejam bajulados ou que tenham suas peças de teatro ou filmes financiados pelo governo, o mundo pode se tornar um verdadeiro campo de concentração. Não importa. Os artistas servem ao espetáculo da farsa totalitária.
Eles podem servir a Hitler, como serviram a Stálin e a qualquer outro déspota. Bertolt Brecht não se tornou um teatrólogo financiado pela monstruosa ditadura comunista da Alemanha Oriental? Não apoiou o Grande Terror stalinista? Chico Buarque e demais artistas nacionais não apóiam a ditadura de Fidel Castro?