STF julga mensalão, 2º dia: procurador-geral pede condenação de 36 réus
Flávia D’Angelo, de O Estado de S.Paulo
Citando o trecho de uma música de Chico Buarque, que faz referência à época do regime militar, o procurador-geral da República Roberto Gurgel encerrou, em pouco mais de 5 horas, a sua sustentação oral sobre o processo da Ação Penal 470, o mensalão. Ele pediu a condenação de 36 réus, exceto a de Luiz Gushiken e Antônio Lamas. Gurgel também declarou a favor da expedição de mandado de prisão a todos os envolvidos. “Altas autoridades públicas devem seguir de paradigmas para a sociedade. Seus atos para o bem e para o mal têm efeito pedagógico”.
Para Gurgel, “esse foi o mais atrevido caso de corrupção e desvio de recursos no Brasil com o objetivo de comprar parlamentares”. “Os crimes se passavam entre 4 paredes, mas não paredes comuns, e sim do Palácio do governo”, pontuou.
Durante a leitura da denúncia da Procuradoria, Gurgel citou o papel de todos os envolvidos e disse que José Dirceu foi o mentor do caso e Marcos Valério, o executor. Já Delúbio Soares, para ele, era o elo entre o núcleo político e o publicitário. “Coube a ele indicar os valores e o nome dos beneficiários”.
Gurgel citou todos os valores pagos pelo esquema e pontuou todos os crimes pelos quais os réus são acusados para justificar o pedido de condenação. Depois de sua fala, o advogado de Marcos Valério tomou o microfone e pediu uma questão de ordem para que ele pudesse proferir a defesa de seu cliente por duas horas. “O nome dele foi citado 197 vezes”, argumentou. O presidente da sessão, o ministro Carlos Ayres Britto negou o pedido.