A manobra marca a entrada à segunda fase do Projeto 921 - o projeto espacial de Pequim, criado em 1999. Em 2003, o país asiático conseguiu completar a primeira fase do Projeto 921 ao enviar seu primeiro astronauta, Yang Liwei. Em nove anos, o país envia agora uma tripulante feminina, que passou por uma série de testes e teve de cumprir uma lista de exigências (ter um filho de parto normal e bons dentes). Os Estados Unidos demoraram 21 anos para ter a primeira astronauta mulher.
O Projeto 921 chinês quer ir além e tem o aporte financeiro de Pequim até completar sua terceira e última fase, em 2020. O país não só quer se equiparar em conquistas aos americanos e russos, mas quer garantir sua independência com rapidez. O plano envolve a instalação de uma estação espacial independente até 2020 e conquistar a Lua em 2025. A China não faz parte da Estação Espacial Internacional, que integra EUA, Japão, Rússia, Europa e Canadá.
Durante coletiva de imprensa realizada em Jiuquan, noroeste chinês, na sexta-feira, a astronauta, ex-piloto do PLA (People's Liberation Army, o exército do Partido Comunista Chinês), e a oitava mulher a viajar ao espaço, disse ser "grata ao país e às pessoas, e honrada por poder representar milhões de mulheres chinesas no espaço". Liu Yang será responsável por testes médicos em órbita.
O comandante da espaçonave é Jing, o primeiro chinês a caminhar no espaço quando comandou o lançamento da Shenzhou-7, em 2008. A missão fez da China a terceira nação a conquistar, a passos, o espaço, e as ambições espaciais do país seguem como uma importante coluna nos planos de desenvolvimento do país, que busca firmar-se como um polo científico ao contrário da famosa "fábrica mundial".
Os três astronautas fizeram mais de 1,5 mil exercícios para garantir o sucesso na acoplagem ao Tiangong-1, o laboratório em órbita desde o ano passado. Os três são pilotos do PLA e membros do Partido Comunista.
Emergentes lideram exploração espacial para salvar o planeta
Com cortes orçamentários, derivados da crise econômica que amarga desde 2008, os EUA estão ficando para trás na corrida espacial, com países latino americanos, árabes e asiáticos - em especial a China - apostando recursos no desenvolvimento da tecnologia necessária para explorar o universo.
Poucos países aparecem como opções economicamente viáveis para a exploração espacial em troca da salvação do planeta Terra e as grandes apostas são as nações da Eurásia - Rússia, Índia e China. Esta era a mensagem do 60º Congresso Anual da Federação Astronômica Internacional, realizado em 2010 na Coreia do Sul. De volta à Ásia, este ano será a vez de Pequim receber a Assembleia Geral da Federação.
A reunião deverá ser marcada pelas histórias de sucesso da China na causa da exploração espacial, cujos investimentos subiram dez vezes em uma década. Pequim não só está apostando em suas viagens siderais próprias, como está desenvolvendo acordos internacionais para levar outras nações ao espaço em troca dos resultados de pesquisa obtidos. É o caso na Nigéria que, em 2005 assinou um acordo com o país asiático para o lançamento de um satélite de comunicação em 2007.
A ideia é que as economias emergentes, com mais gás financeiro, liderem a corrida espacial e possam instalar mais satélites que auxiliem nas pesquisas climáticas.
- Especial para Terra