FoI em 1572, num 12 de março que esta epopéia é publicada em Lisboa para imortalizar pela beleza e história os feitos dos portugueses pelo mundoi afora. Retirei estes versos do famoso episódio de Inês de Castro que se tornara a amada do filho do Rei e que por isto paga com a própria vida tal ousadia. Peço a vc. que leia a releia esta passagem e que está no CANTO III, 119 A 135. Hoje, infelizmente, poucas são as pessoas que lêem toda epopéia, mas quem se dispoe a lê-la ganha nao só um maior dominio sobre a língua portuguesa como aprimora sua sensibilidade.
Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossego
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas.